>Em 1963, uma empresa francesa iniciava sua trajetória brilhante no varejo mundial ao criar um novo formato de loja: o hipermercado. O Carrefour, atual segundo maior varejista do planeta, entrou para a história. O tempo passou, os consumidores ficaram mais ocupados e o modelo criado pelo grupo está ameaçado.

“Alguns princípios de sua origem foram esquecidos: a economia da construção, por exemplo, já que as lojas passaram a ser mais sofisticadas, com ar condicionado, etc. Passou a ter muitos custos, se tornou inviável”, explica Ricardo Pastore, coordenador do núcleo de varejo da ESPM.

No início de fevereiro, o jornal “Le Figaro” noticiou que o BNP Paribas aconselhou ao Carrefour a se dividir em três empresas – o hipermercado, a rede de descontos Dia% e a companhia responsável por administrar seus imóveis. Trata-se de uma reivindicação de parte dos acionistas após a desvalorização das ações em bolsa do grupo.

“Sobre a separação, vejo como algo inteligente porque vai isolar o problema e os acionistas vão ver que tem um lado positivo. Agora, uma coisa não anula a outra. Eles precisam continuar entendendo o mercado e, assim como fizeram no passado criando um modelo novo, eles devem fazer agora”, diz Pastore.

No Brasil, o grupo enfrenta dois grandes concorrentes com posicionamento de mercado definido: o Grupo Pão de Açúcar (com foco em serviços) e o Walmart (focado em preço baixo). Já o Carrefour, dizem especialistas, não deixa muito clara qual é a sua proposta. Para piorar, erros contábeis provocaram um rombo de 550 milhões de euros no caixa da filial brasileira em 2010.

“A situação do Carrefour não é simples, principalmente por sua própria culpa, graças aos recentes erros contábeis”, observa Daniel Zanco, sócio-consultor da Universo Varejo. “A posição do Walmart no Brasil como a oferta de melhores preços ainda não está totalmente tomada. O Carrefour, assim como o Extra, fará de tudo para reverter os esforços de comunicação do Walmart”.

Para Zanco, a subsidiária brasileira tem de recuperar a rentabilidade e fortalecer sua imagem investindo em comunicação e fortalecendo a gestão de categorias-chave e geradoras de tráfego. “Não devemos ver esforços significativos na expansão das lojas sob bandeira Carrefour e o crescimento do número de lojas deverá se concentrar nas bandeiras Dia% e Atacadão – esta última que tem apresentado significativo crescimento no Brasil”, completa.

ESCRITO POR THIAGO BORGES – No Varejo
SEX, 04 DE FEVEREIRO DE 2011 16:34