O mercado “compre porque está barato, não porque precisa” andou enfraquecido, mas volta a ter forte competidor. A rede de lojas japonesa Daiso abriu sua primeira loja própria na América Latina, no centro de São Paulo.

A versão R$ 1,99 japonesa -na verdade, todos os produtos custam R$ 5,99 no Brasil; no Japão, são 100 ienes, que equivalem a R$ 2,31- vende de esponjas de banho a máscara de herói japonês e chama a atenção pelas cores vibrantes e a organização das prateleiras.

A rede tem cerca de 600 lojas no mundo, além das mais de 2.600 no Japão e faturamento de R$ 8 bilhões por ano. No Brasil, a loja foi inaugurada no último dia 22 e não teve anúncio nem festa.

O diretor da loja no Brasil, Keisuke Ohno, diz que a unidade é um teste de consumidor brasileiro, por isso a falta de anúncio e a restrição em divulgar o investimento inicial no país.

“Por enquanto estamos testando o local, o consumidor. Tentando entendê-lo melhor. A gente não sabia nada do mercado brasileiro, essa é um loja que tem principalmente essa função”, afirma o diretor da rede japonesa.

E, aparentemente, o Brasil passou no teste. Ohno diz que as vendas têm sido ótimas. “[As vendas] estão muito acima do esperado. Tanto que estamos com dificuldade de repor os estoques”, afirma.

O diretor conta ainda que, se tudo der certo, esta será apenas a primeira de muitas lojas no Brasil. “Vai demorar, mas a intenção é acelerar o investimento.”

O Brasil estava na rota por estar no Brics, diz o diretor, mas, além do país, somente a China está no grupo e também tem lojas da rede -no total, são cinco lojas no país.

Segundo os empresários, por mês, no mundo, a rede abre de 20 a 30 lojas, contando as antigas japonesas que estão sendo reformadas e reabertas.

MADE IN JAPAN

Por ser loja própria, e não franquia, para cuidar de detalhes como a ordem dos produtos, a empresa trouxe funcionários do Japão.

Masahiro Taniguchi é o supervisor de unidade. Não fala uma palavra em português e poucas em inglês, mas está animado com a chegada à América Latina -a rede tem loja no México, mas é uma franquia.

Taniguchi diz que a melhor definição da loja foi a dada pelos americanos: kawaii. A palavra japonesa é usada para definir coisas “bonitinhas”, meigas, com ar de desenho animado japonês.

Mas a loja também oferece utensílios de limpeza, de cozinha, de banho, ferramentas, artigos de jardinagem.

No Japão, a loja também vende cosméticos e produtos eletrônicos, mas Ohno diz que a burocracia para a venda destes produtos aqui fará que eles demorem mais para chegar ao Brasil.

Na Ásia, as lojas chegam a ter até 3.000 m². A do Brasil tem 600 m² e cerca de 15 funcionários -a rede ainda está em fase de contratação.

A falta de divulgação fez com que o sucesso da loja ocorresse principalmente pelo boca a boca na comunidade japonesa. “Sabemos disso. Os clientes japoneses estavam com saudades da loja”, diz Ohno.

ORIGEM

A rede nasceu no Japão em 1977, fundada por Hirotake Yano. Na Ásia, a loja está presente em 12 países.

Os produtos são feitos em sua maioria (60%) na China. “Mas quem controla os produtos somos nós”, diz o diretor. Os outros 40% de produtos são divididos entre Japão, Vietnã e Indonésia.

(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo