As redes supermercadistas, mais uma vez, aparecem no topo das melhores operações de varejo, em 2012. São elas na ordem de colocação: o Grupo Pão de Açúcar (GPA), com faturamento de R$ 46.594 bilhões em 2011, o Carrefour, com R$ 28.832 bilhões, e o Walmart, com R$ 23.467 bilhões. Vale salientar que o a lista das “três mais” é formada apenas por companhias de capital estrangeiro. As duas primeiras são da França, e a outra, dos Estados Unidos. As informações são do ranking do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo e do Mercado de Consumo (Ibevar) divulgado ontem.
Apesar de repetir os resultados dos anos anteriores, o estudo apontou algumas surpresas para o segmento, como o ingresso do grupo O Boticário (8º) nas “dez mais” e da C&A (12º) no “15 mais”, a alavancada da Máquina de Vendas do 7º para o 5º lugar e a queda do Makro da 5ª para a 7ª colocação.
O motivo dessas oscilações são as diferenças estratégicas adotadas pelas instituições, cujo objetivo principal é triunfar sobre a concorrência, que a cada ano está mais acirrada. “As diferenciações são cada vez mais difíceis de serem implementadas. Elas acontecem no plano do consumidor final. O segredo não é chegar sozinho, mas primeiro. As maiores diferenças são aquelas que não se veem e acontecem nos processos administrativos e estruturais, por trás dos panos”, disse o presidente da Ibevar, Claudio Felisoni.
Exemplos disso são Grupo Pão de Açúcar, Boticário e o Magazine Luiza, que investiram pesado em expansão territorial, especialmente em direção às Regiões Norte e Nordeste, áreas de alto potencial de crescimento. Recentemente, o Pão de Açúcar abriu um hipermercado Extra em Nova Parnamirim (RN).
Além da multiplicação de lojas físicas, o grande trunfo continua sendo o varejo on-line. O GPA, antigo no comércio eletrônico, planeja o lançamento de um shopping virtual para aumentar o sortimento de produtos via Internet. O Walmart, ainda novo no segmento e animado com as vendas da Black Friday, estipulou uma meta de alta das vendas de 65% para o Natal, em relação à mesma data no ano passado.
Outra jogada amplamente difundida entre as empresas de varejo é a manutenção ou a criação de novas bandeiras a partir de um mesmo grupo de operação. Este é o caso do GPA, que, além do Pão de Açúcar, tem o Extra, o Assaí e o Mini Mercado, que atendem, cada um, diferentes tipos de consumidor. O Walmart tem as bandeiras Big, Hiper e o Sam’s Club; e o Carrefour, o Dia. Nestas filiais é praticado o sistema chamado de mercado de proximidade, isto é, a adaptação do sortimento de produtos ao público-alvo de cada bairro. Outras apostas dizem respeito à proliferação de franquias. O Boticário é o maior exemplo desta prática. Em apenas dois anos, a companhia criou quatro marcas diferentes, a Skingen Inteligência Genética, a Eudora, a “Quem disse Berenice” (cosméticos) e a The Beauty Box (revendedora de multimarcas). Esta última, explora o setor de importados oferecendo ao consumidor marcas de renome internacional. No mesmo sentido, o Carrefour promoveu este ano uma campanha de trazer ao Brasil produtos franceses.
Altos e baixos
O mercado de varejo brasileiro cresceu 8% no ano passado e as 100 gigantes do segmento, listadas no ranking, movimentaram somadas R$ 260.353.160 bilhões. Segundo Felisoni, a estimativa de alta é de 7,5% para este ano e de 5% a 3% para 2013, o que evidencia uma linha decrescente no faturamento do setor.
O motivo deste fenômeno seria a impossibilidade de o Estado brasileiro sustentar as medidas que impulsionaram as vendas este ano, tais como a desoneração fiscal, redução do Imposto sobre Produtos industrializados (IPI) , e diminuição dos impostos sobre salários. Além disso, o nível de inadimplência da população está alto em comparação ao mesmo período do ano anterior, o que consequentemente diminui o consumo, afirmou o empresário.
“As pessoas hoje estão muito endividadas e a renda per capita também não cresceu tanto assim. Também não acredito que o governo reeditará no próximo ano os incentivos que aplicou em 2012. Ainda mais por 2013 não ser um ano eleitoral”, disse Felisoni.
Mesmo assim, os dados da pesquisa preveem bons resultados para o mercado de varejo brasileiro para os próximos anos. De acordo com o vice-presidente da Ibevar, Eduardo Terra, o GPA deve fechar 2012 com faturamento de R$ 58 bilhões e embolsar a quantia R$ 70 bilhões, em 2013.
Segundo o estudo, 57 empresas brasileiras ultrapassaram a marca do R$ 1 bilhão de faturamento, em 2011, 13 a mais do que no ano anterior; e a tendência é este número subir ainda mais.
“O varejo caminha para um processo de consolidação no Brasil”, disse o empresário. Outra tendência em alta no País é a do “atacarejo”, ou seja, lojas que oferecem ao público uma gama de produtos tanto do sistema de atacado como do varejo. É o caso da empresa Roldão, quinta maior do setor, que se prepara para uma reestruturação de ordem administrativa visando a seu crescimento.
(Por DCI) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, núcleo de estudos do varejo