A briga pelo nascente mercado brasileiro de livros digitais promete esquentar. A Livraria Cultura anunciou nessa quinta-feira, 13, uma parceria com a canadense Kobo para trazer leitores eletrônicos e livros digitais para o País, na preparação para a chegada da operação de varejo da americana Amazon. “A parceria deve impulsionar o mercado de e-books por aqui”, afirmou Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura.
A empresa planeja vender quatro modelos de e-readers da Kobo, sendo um deles um tablet com sistema operacional Android. Os planos são agressivos. “Ainda não definimos os preços, mas o primeiro modelo deve ser mais barato que o Kindle importado”, disse Sergio Herz. Com lançamento previsto para o fim do próximo mês, o primeiro modelo será o Kobo Touch, que custa US$ 99 nos Estados Unidos. Um Kindle International, comprado diretamente do site americano da Amazon, sai no Brasil por cerca de R$ 450, com impostos.
“Ninguém faz dinheiro vendendo o aparelho”, disse Pedro Herz, presidente do conselho da Cultura. Essa também é a estratégia da Amazon, que usa o Kindle para alavancar a venda de livros, música e filmes digitais. Com o acordo com a Kobo, o catálogo de livros digitais da Livraria Cultura vai subir de 330 mil títulos para 3 milhões. Somente 15 mil estão em português.
“Espero que nosso lançamento venha a incentivar as editoras brasileiras”, disse Pedro Herz. “Elas já estão lançando os livros novos também na versão digital, mas existe uma oportunidade muito grande no catálogo.” Assim como a Amazon, a Kobo tem um sistema em que escritores independentes podem publicar seus livros digitais diretamente. Esse serviço não será trazido ao Brasil no mês que vem, mas está nos planos da Cultura oferecê-lo por aqui.
A Livraria Cultura prevê faturar R$ 430 milhões este ano, um crescimento de 20% sobre 2011. Desse total, 19% são provenientes do site, e somente 1% das receitas de seu comércio eletrônico vêm dos livros digitais. Sediada no Canadá, a Kobo é controlada pela japonesa Rakuten, que lançou este ano um shopping virtual no Brasil.
Negociação
Sergio e Pedro admitem ter conversado com representantes da Amazon que, segundo eles, queriam convencê-los a vender o Kindle em suas lojas. É um modelo que, para a Cultura, não fazia sentido, já que colocaria nas mãos de seus clientes um equipamento ligado à loja virtual da Amazon. Eles negaram que a Amazon tenha tentado comprar a Livraria Cultura. “O que eles fariam com nossas 14 lojas?”, questionou Sergio.
A expectativa sobre a chegada da Amazon no Brasil é grande. A empresa tenta negociar acordos com editores e tenta aquisições. Apesar de não existirem informações oficiais, pessoas do mercado diziam, há alguns meses, que o lançamento seria em setembro. Agora, muita gente já diz que a estreia da operação de varejo provavelmente ficou para o ano que vem.
Os leitores eletrônicos da Kobo adotam formatos abertos, como ePub e PDF e, dessa forma, os leitores podem comprar livros em outras lojas. A vantagem para a Cultura, no entanto, é que o aparelho estará ligado diretamente à sua loja virtual, permitindo que os usuários do Kobo comprem livros com um clique.
A primeira tentativa da Cultura de entrar no mercado de e-books aconteceu em 2002, mas foi muito cedo. Em 2010, a varejista fez uma nova investida, com o leitor digital Alpha, da Positivo Informática, que já deixou de vender. “O Alpha era um leitor mais simples, que não tinha solução de compra”, explicou Sergio Herz.
Com o Kobo, a empresa oferece uma solução completa, com compra de livros no aparelho e aplicativos para PCs, iPhones e iPad e aparelhos com o sistema Android.
(Por Estadão) varejo, nucleo de estudos e negócios do varejo, núcleo de estudos do varejo