>Ao seguir passos semelhantes aos da gigante espanhola do varejo de moda, a Cacau Show se tornou a maior franquia de alimentos do país.
A Zara Do Chocolate
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>Ao seguir passos semelhantes aos da gigante espanhola do varejo de moda, a Cacau Show se tornou a maior franquia de alimentos do país.
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>Conheço o case da Inditex (Grupo que controla a Zara e outras marcas) do tempo da pós em Marketing na Escola de Negócios da Politécnica de Madrid em 2005. Esmiuçamos à época toda a história dos gallegos.
Posso dizer com tranquilidade que, a despeito dos três pontos que em linhas gerais os brasileiros querem usar a Zara como benchmarking (Distribuição, Design Produto e Posicionamento de Preço), há profundas diferenças entre os modelos de negócios. A retórica de comparação da Cacau Show com a Inditex/Zara funciona mais como gancho de manchete.
Senão, vejamos:
A Inditex/Zara montou seu conceito baseado em lojas próprias nos melhores pontos comerciais das cidades em que atuam. Preferencialmente fora de Shoppings. No Brasil ficam nos shoppings por circunstâncias específicas do mercado. A Cacau Show imagino optou por um modelo de franquias mais tradicional, ou seja o, buscando o parceiro local para o risco imobiliário do negócio.
Verticalização da produção: a Inditex tenta, ou tentava em 2005, centralizar o máximo de sua produção no seu quintal, na Galícia. Isso dava a reatividade de design ligada diretamente à produção por sistemas CAD-CAM e controle direto. Deslocalizava produção basicamente de assessórios que não são o principal foco de produto. Por motivos inerentes ao tipo de produto – perecível – acho que será muito difícil a Cacau Show manter uma produção muito centralizada. Terá problema para ter uma produção muito na mão com rápidas viradas e flexibilidade. Ou terá que investir muito para tê-lo.
Custos de Publicidade: a Inditex/Zara “zerou” esta conta. Não investe em publicidade da forma com que os publicitários tanto gostam, com investimento em mídia. Foca o investimento no PDV (70% na aquisição do ponto). A Cacau Show tem uma conta de mídia crescente e pelo jeito em escala logarítimica.
A Zara teve uma política de preço e etiqueta únicos, que foi revolucionária. Muito motivada pelo Euro em 1999 qdo acelerou seu crescimento. Até por isso pouca gente entendeu e teve que ser revista. Você sabia quanto custava a peça de roupa na Europa, Brasil ou Japão. E o preço convertido não era igual. Eram percebidos diferentemente em cada moeda etiquetada mas demosntrava uma preocupação com o mercado local. A Cacau Show ainda não tem este desafio pois ainda é um negócio nacional mas eu pergunto: o preço de um chocolate em Manaus é o mesmo que em Bento Gonçalves ou São Paulo? Como vai ser equacionado este ponto que é crucial para o mercado popular?
Não foi citado pelo todo-poderoso da Cacau Show o quanto ele investe em estratégia, treinamento e sistemas para uniformização do serviço e da experiência de compra. Esse ponto normalmente pelas redes nacionais de franquia é preterido em relação à necessidade de expansão. Custa caro ter uma uniformidade e ao relegar ao segundo plano este ponto perde-se a consistência o que é uma armadilha a longo prazo.
Na minha opinião, o modelo de franquia nacional suportada por forte investimento em publicidade e baixo em treinamento e processos só funciona com alto índice de capitalização. A Cacau Show dá mostras que não quer ter pois rechaça a entrada de capital externo. Com isso a conta não fecha não é sustentável a longo prazo. Qual é o ativo que a CS tem para garantir o financiamento que precisará? A Inditex tinha um imobilizado em imóveis que garantia qualquer plano de expansão mesmo em cenário de euro valorizado.
Vamos ver os acontecimentos, mas desde já é mais um belo exemplo que apostando no varejo de classe média é muito difícil errar.