Como a visibilidade econômica do Brasil é cada vez maior no exterior, empresários chineses de diversos setores varejistas têm apostado no País para expandir seus negócios. Com produtos que vão de roupas a novidades eletrônicas de ponta, os asiáticos desejam ampliar ainda mais o mercado que já ocupam e não se importam em viajar até aqui para fechar seus negócios.

“Os chineses perceberam a alta demanda e o grande número de brasileiros que viajavam para láinteressados nos produtos. Agora eles fazem o inverso e vêm até o Brasil, o que faz com o que o comprador não precise se locomover e eles ainda encontrem muitos novos clientes, que antes não iriam até eles”, conta Carlos Militelli, presidente da EPS Eventos, empresa que realiza a feira em parceria com a Global Sources, companhia especializada no business-to-business (B2B).

Para Militelli, a aposta de negócios dos empresários chineses está baseada no crescimento da classe média brasileira, o que expande a possibilidade para muitos produtos. “O Brasil tem um mercado potencial fantástico para eles. Há muito espaço e eles têm um volume incrível de produtos para oferecer”, comenta o empresário.

Os números comprovam a projeção. Desde 2009 a China é o maior parceiro comercial do Brasil e, somente no último ano, as trocas bilaterais alcançaram US$ 77,1 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Assim, nesta semana, cerca de 1.500 empresários e executivos chineses, que representam mais de 500 companhias, estão na cidade de São Paulo em busca de novos parceiros comerciais. Os negociantes estrangeiros estão na China Sourcing Fair, evento que já passou por países como Estados Unidos, Índia e África do Sul. O evento acontece até amanhã, no Centro de Exposições Imigrantes.

A feira não é direcionada ao consumidor final, mas a importadores e distribuidores dos produtos asiáticos e a varejistas em geral. “É a primeira vez em que o Brasil recebe uma comitiva tão grande da China, isso é uma mostra do interesse dos chineses. São excelentes oportunidades para os dois lados, já que eles estão abertos a parcerias e oferecem não só produtos, mas também investimentos”, explica Uta Schwietzer, diretora-executiva da Câmara Brasil-China.

Para Uta, é necessário desmistificar a ideia de que a invasão chinesa seria prejudicial ao Brasil. “Não se trata de acabar com a indústria local, os dois podem trabalhar juntos. Esta é uma oportunidade para os chineses mostrarem a qualidade de seus produtos e trabalharem de forma saudável com os brasileiros, já que os dois mercados podem se beneficiar ao mesmo tempo”, argumenta a diretora. “As relações atuais entre os dois países estão muito boas. Obviamente existem certos impasses, mas vejo que o caminho seguido é correto”, completa.

A diretora-executiva da Câmara ainda acredita que o Brasil encontra uma projeção cada vez maior na China. “Viajo constantemente para lá e sempre vejo que o número de grupos interessados é crescente. Também percebo que os brasileiros têm inúmeras possibilidades de exportações para o continente asiático. A China tem um mercado de classe alta gigantesco, consumidores que buscam produtos exclusivos e exóticos, coisas que o Brasil certamente pode oferecer”, diz.

Feira

Os 173 expositores da China Sourcing Fair trabalham com eletrônicos, o que corresponde a cerca de 30% da feira. As áreas de material de construção, têxtil e de brindes e presentes ocupam, cada uma, cerca de 20% dos estandes. O restante é de expositores da Índia, que também acharam lugar no evento com objetos de decoração e vestuário.

Tang Tun Sen, diretor da empresa chinesa ForYou Group, está pela primeira vez no Brasil e acredita que durante sua visita encontrará diversas oportunidades para comercializar seus produtos nas lojas brasileiras.

Entre os artigos oferecidos, estão miniprojetores de tela para celulares, novidade por aqui, lâmpadas e diversos acessórios eletrônicos. “Queremos trabalhar com os brasileiros e sabemos que nossos produtos terão muito espaço aqui. Estamos à procura dos novos consumidores, e no Brasil vamos encontrá-los facilmente”, conta o diretor.

Para Bill Janeri, gerente-geral da Global Sources, organizadora da China Sourcing Fair pelo mundo, os chineses têm um apetite global e olham para o mercado brasileiro com atenção especial, uma vez que seus resultados econômicos positivos têm sido bastante divulgados. “Acredito que todos estão olhando para o Brasil. As pessoas aqui estão com maior poder de consumo, a economia está crescendo e as oportunidades são muitas”, diz Janeri.

O executivo comenta que a partir do mercado brasileiro, os chineses poderão também atingir toda a América do Sul.

(Por DCI) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo