Quesito mandatório para a maioria dos varejistas, a automação comercial começa a ser vista nesses estabelecimentos não só como uma forma de cumprir a lei, mas também como uma ferramenta para melhorar o atendimento a seus clientes.
Segundo uma pesquisa feita pela companhia brasileira Bematech, especializada em automação comercial, as melhorias na gestão do negócio e no atendimento aos clientes já são vistas como a principal razão para esse tipo de investimento pela maioria das empresas. As exigências fiscais ficaram em terceiro lugar. O resultado é muito diferente do apurado na pesquisa divulgada no ano passado. Na época, o cumprimento da lei foi a principal justificativa.

A automação comercial consiste, basicamente, no uso de uma impressora fiscal aliada a um software que auxilia na gestão do negócio. “Os varejistas estão entendendo que investir em tecnologia é um diferencial competitivo”, disse Cleber Morais, executivo-chefe da Bematech, ao Valor. O levantamento foi feito com 3,2 mil empresas de 30 segmentos do varejo em todo o país.

A pesquisa detectou um aumento no número de empresas que investem nesse tipo de tecnologia. O total, que era de 31% no ano passado, chegou a 40% neste ano. Outro dado significativo é o fato de que 14,1% das empresas afirmaram estar em processo de automação, um crescimento de quatro pontos percentuais frente ao estudo anterior.

Na avaliação de Flávio Montezuma, diretor de automação comercial da Itautec, o interesse do varejo pela automação é reflexo do maior poder de consumo do brasileiro. Com mais dinheiro, a população tem acesso a itens que não faziam parte de sua lista de compras no passado, ou que eram consumidos com menor frequência. Com mais clientes, o varejo precisa de ferramentas de automação para gerenciar melhor suas atividades.

A demanda em alta tem trazido bons negócios para empresas brasileiras como Bematech, Itautec e Urmet Daruma, além de despertar o interesse de grupos internacionais como a americana NCR, que inventou o conceito de caixas registradoras há mais de 100 anos.

A NCR vem dobrando a receita no segmento ano a ano desde 2009, segundo Elias Rogério da Silva, vice-presidente das operações no Caribe e na América Latina. “Vejo um espaço para crescimento forte pelos próximos três a cinco anos”, disse o executivo. Há três semanas, a companhia anunciou a aquisição de três companhias brasileiras para reforçar seus negócios em automação.

A venda desse tipo de sistema exige volume. Como o valor pago pelo pacote de produtos costuma ser baixo – um kit completo custa menos de R$ 5 mil, com possibilidade de financiamento pelo cartão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -, os fabricantes precisam de um alto volume de vendas para ter bons resultados.

Uma das maneiras encontradas para reforçar os ganhos é fornecer software e serviços aos varejistas. Dessa forma, as companhias conseguem fugir das margens apertadas dos equipamentos e fazer contratos de suporte técnico de longo prazo, que garantem um fluxo de receitas constante.

Essa abordagem é a principal aposta de Morais à frente da Bematech. Na presidência da companhia há pouco mais de um ano, ele tem comandado um processo de reestruturação que inclui o reforço da área de software. Na Itautec, uma ação que ganha força é a parceria com empresas que desenvolvem sistemas de gestão de empresas para vender pacotes a varejistas de pequeno e médio portes.

Apesar do bom momento geral, o mercado não deixou de ser atingido pelo desaquecimento da economia no primeiro semestre. Na Urmet Daruma, o crescimento no período ficou na faixa de 7%, abaixo das estimativas iniciais. A projeção da companhia era crescer entre 25% e 30% na comparação com o ano passado.

Segundo Marcelo Menezes, diretor comercial da Urmet Daruma, os varejistas reduziram os investimentos, o que deixou o estoque dos distribuidores cheios. Isso fez com que a fabricante colocasse menos equipamentos novos no mercado. Menezes afirmou, no entanto, que no mês de junho já foram sentidos sinais de retomada. “Os estoques dos distribuidores estão diminuindo, o que vai impulsionar as vendas no segundo semestre”, disse.

(Por Abras) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo