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Pode parecer absurdo, mas as notícias sobre o interesse em vender as operações do Carrefour no Brasil por dois de seus grandes acionistas persistem no noticiário de hoje.

O jornal Valor Econômico em sua página B7 traz o perfil do homem que acendeu este verdadeiro estopim que vai a qualquer momento deflagrar uma sonora explosão.
Segundo o jornal, Bernard Arnault e o fundo americano Colony Capital de Tom Barrack detêm 13,5 % do capital do Carrefour e juntos, estariam exercendo forte pressão para a saída do Brasil e da China, mercados emergentes com grande crescimento de vendas, conseqüente necessidade de altos investimentos porém com rentabilidade baixa, comparando com o segmento no qual Arnault atua: o mercado de luxo.


Dono do grupo LVMH, Arnault prefere vender produtos das 60 grifes de sua propriedade como Louis Vuitton, Dior, Givenchy, Moët Chandon e Veuve Clicquot, entre outros, que em 2008, faturaram E$ 17,0 bilhões.

O que está por trás disso não sabemos. Pode ser uma tentativa dele Arnault e o Colony Capital atraírem a atenção dos majoritários e passarem a eles suas posições para poderem reforçar suas posições nos setores em que atuam, ou seja, luxo no caso de Arnault e hotéis e outros varejos de serviços no caso de Barrack.

É sem dúvida uma situação indesejada para a empresa que no Brasil e no mundo ocupa a segunda posição no ranking liderado pelo Walmart, aliás, tido como virtual interessado pela operação brasileira segundo o Valor.

Caso o assunto evolua, precisamos ponderar sobre uma possível aquisição do Carrefour pelo Walmart, hoje terceiro no ranking da ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados. Teríamos caso isso aconteça, a meu ver, uma indesejada concentração de mercado com 24% de participação do setor de super e hipermercados, segundo o Valor Econômico.

Seria muito mais saudável avaliarmos a possibilidade de grupos nacionais assumirem o controle do Carrefour no Brasil para estabelecermos uma liderança regional do setor e desenvolvermos tecnologia brasileira de ponta para o ramo evitando assim cedermos em mais um setor ao controle estrangeiro, embora menos estratégico nesse caso.

Não há no âmbito do governo, no ministério do desenvolvimento, um plano ou fundo que possa auxiliar o empresário nacional a entrar numa briga desse nível. Não se trata de pensamento nacionalista, mas estratégico afinal, criando-se um centro de decisões local numa empresa deste porte, inúmeras outras decisões privilegiariam fornecedores também locais assim como seus gestores, executivos, profissionais, prestadores de serviços, instituições de ensino, etc, etc, etc….

Vamos acompanhar o desenrolar desse assunto que promete fortes emoções.


Abraços,

Ricardo Pastore.