>Presença do profissional na loja resiste ao tempo e impulsiona vendas nos super e hipermercados do interior e da capital – Fábio Lima
Priscila está escolhendo produtos na seção de limpeza quando algo chama sua atenção: é a voz do locutor do supermercado, anunciando uma oferta imperdível para os clientes que chegarem, primeiro ao bazar. Imediatamente começa a correria na loja e a moça vai junto. Ninguém sabe do que se trata, mas é uma oferta, não há tempo a perder! A cena aconteceu recentemente em um hipermercado da capital paulista e deixou muitos consumidores satisfeitos. Mas quem é essa figura que domina multidões?
O coordenador do Núcleo de Estudos do Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Ricardo Pastore, analisa a figura do locutor como uma tendência inversa. Ou seja, normalmente as tendências do varejo aparecem nas grandes cidades e são levadas para o interior. Com o locutor aconteceu o contrário. “No interior sempre foi forte a presença do locutor na loja, e essa tendência foi exportada para grandes centros do País, como São Paulo”.
Pastore avalia que a decisão de utilizar o trabalho desse profissional é interessante, mas precisa estar alinhado ao posicionamento da loja. “ Em primeiro lugar, é preciso avaliar o público consumidor e depois como pretende atingi-lo. Será que ele quer um sujeito falando ao microfone enquanto escolhe os produtos?”
O especialista em varejo ressalta que se a loja opta por ter o locutor é preciso definir o que comunicar por intermédio dele. O que será falado para o cliente ao microfone e de que forma, quanto tempo por dia, semana e mês. “Essa é uma comunicação agressiva e popular. Portanto, a programação precisa ser definida. É necessário ter ordem, caso o contrário o consumidor, colocando o locutor como parte desse planejamento de comunicação interna e utilizando-o conforme perfil da loja e da clientela. “O supermercadista vai querer um locutor que fala alto ou baixo? Ficar citando promoções o dia todo não vai cansar o consumidor? Tudo tem que ser avaliado. Não pense que é só contratar um vozeirão e deixa-lo falando”, conclui.
O som das lojas
O Supermercado Caetano, com duas lojas em Valinhos, interior de São Paulo, utiliza o locutor, mas seu trabalho é analisado com muitos critérios. “Nem todo consumidor quer essa intromissão no momento da compra”, avalia o diretor Sérgio Caetano Filho.