A grande maioria dos supermercados do Estado de São Paulo já não está fornecendo sacolas plásticas para seus clientes, fruto de um acordo entre a Associação Paulista de Supermercados e o Governo do Estado de São Paulo. As opções em geral oferecidas são caixas de papelão, gratuitamente, e compra de sacolas retornáveis normais ou de sacolas biodegradáveis.
A iniciativa, embora válida, é polêmica e simbólica. As sacolas plásticas representam uma minúscula parcela do volume total de lixo descartado. Opiniões favoráveis entendem que a medida tem o mérito de trazer para o cotidiano das pessoas a preocupação com a sustentabilidade. As opiniões contrárias afirmam que esta economia beneficiará apenas as redes de supermercados e não será revertida para os clientes ou população em geral, além de não resolver o problema. Buscando analisar esta iniciativa pelo lado positivo, entendo que este assunto poderia ser reconduzido de forma a obter aprovação da sociedade e trazer benefícios para a sustentabilidade. Inicialmente, é importante lembrar que o fornecimento das sacolas plásticas não é uma obrigação legal dos supermercados. Foi introduzido para atrair os clientes facilitando o transporte dos produtos. Assim, além de um melhor esclarecimento ao público sobre seus objetivos e vantagens, a iniciativa de retirada das sacolas plásticas deveria garantir, com critérios e transparência, o direcionamento dos recursos agora economizados pelos supermercados, seja através da redução do valor cobrado em seus produtos ou da obrigatoriedade de aplicação destes recursos em pesquisas de interesse da sociedade. Um exemplo de ação transparente, que poderia ser facilmente adotada, seria a obrigatoriedade de que estes valores economizados com sacolas plásticas, e outros equivalentes, fossem destinados a Instituições de Pesquisas Tecnológicas reconhecidas no país, para buscar alternativas para atacar de frente as grandes causas de impacto ao meio ambiente e sustentabilidade. Temas para pesquisa e discussão não vão faltar. Estudos recentes indicam que, no ritmo atual de poluição e desperdício dos recursos naturais e com o crescimento da população (aproximadamente 200mil bebês a cada 08 horas no mundo), em 100 ou 200 anos a Terra não terá mais condições de sustentar vida. Os dados foram extraídos da internet e estão sujeitos a uma margem de erro que poderá ser pequena ou grande. Mesmo considerando um erro de 100%, não seria conveniente iniciarmos agora pesquisas e ações de peso para que nosso planeta continuasse habitável daqui a 400 anos? O equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia será questão de sobrevivência. Teremos que fazer uma projeção da demanda de curto, médio e longo prazo e encontrar fontes adicionais de energia, a custos acessíveis, para atender a demanda adicional. É um grande desafio que necessitará a colaboração da população, além de pesquisas e grandes investimentos dos setores público e privado. Estima-se que a população mundial deve chegar a nove (9) bilhões até 2050 e que precisaremos 50% mais energia para abastecer o planeta. Da energia atualmente produzida no mundo, 80% vêm dos combustíveis fósseis (1/3 proveniente do petróleo, ¼ proveniente do carvão e 1/5 proveniente do gás natural). O restante vem de usinas nucleares, hidroelétricas e uma fração menor de eólica, solar e geotérmica. Ainda temos que considerar que os campos de petróleo estão começando a secar e que o petróleo e o carvão ameaçam o meio ambiente e o clima. Além disso, encontrar novas alternativas de qualquer tipo, a custos acessíveis não será nada fácil. Mesmo para os combustíveis atualmente utilizados, os custos de extração estão subindo. Para citar um exemplo, no princípio a extração de petróleo era mais barata, gastava-se o equivalente a 01 barril para extrair 100. Atualmente, na Arábia Saudita se gasta aproximadamente 1 barril para extrair 20. Para finalizar, há muito que pesquisar e conscientizar. Temos que investir tempo para discutir, priorizar e implantar ações efetivas e de alto impacto para a sustentabilidade e esquecer se “a Luiza já voltou do Canadá”.
(Por Jornal da Cidade de Bauru) varejo, Núcleo de Estudos do varejo