A corrida para trazer uma carne produzida em laboratório está aquecida com a brasileira BRF buscando oferecer o produto em supermercados em 2024.
A companhia, o segundo maior fornecedor mundial de aves, fechou parceria com a startup israelense Aleph Farms em um movimento para se tornar o primeiro player de alimentos a produzir carne cultivada no Brasil.
As empresas trabalharão para adaptar a tecnologia de carne de laboratório da Aleph ao gosto dos consumidores brasileiros. Assim que for encontrada uma produção viável, as empresas passarão para a próxima etapa que é construir uma unidade no Brasil. O objetivo é oferecer carne à base de células aos supermercados nacionais até 2024.
Até lá, os parceiros esperam superar o principal desafio do projeto que é chegar a um produto acessível ao consumidor. O CEO da Aleph, Didier Toubia, espera que a carne cultivada encontre paridade de custo com a carne tradicional mais rapidamente do que a primeira geração de carne feita à base de plantas.
“A parceria com a BRF permitirá que o projeto seja escalonado rapidamente”, disse Toubia.
Uma produção comercial a custo competitivo incluiria biorreatores capazes de produzir carne equivalente a 40.000 cabeças de gado em menos de 2 semanas. Isso também permitiria à BRF aumentar a produção rapidamente no caso de uma demanda vertiginosa. Em questão de meses será possível produzir um volume de carne que levaria anos da forma tradicional, disse o presidente da BRF, Lorival Luz, na mesma entrevista.
Aleph, que tem entre os investidores a gigante de alimentos americana Cargill, recentemente formou uma parceria com a Mitsubishi Corp. para levar a carne bovina cultivada em laboratório para o Japão. Ela integra um grupo formado por outras 60 startups que disputam um mercado que visa oferecer proteínas alternativas contornando as questões ambientais e sociais que envolvem a carne tradicional.
A parceria com a Aleph Farms faz parte de um plano de expansão mais amplo da BRF que visa melhorar os ganhos da empresa por meio da fabricação de produtos de maior valor agregado. A meta do grupo é mais do que dobrar suas vendas atuais de 39 bilhões de reais para 100 bilhões de reais em dez anos.
Como os rivais globais JBS e Tysson Foods, a BRF montou suas próprias marcas de carnes vegetais, enquanto a entrada no mercado de carne de laboratório significa um aumento da aposta da empresa em um mercado alternativo promissor, no qual apenas a carne cultivada deve movimentar 140 bilhões de dólares na próxima década, segundo as previsões compiladas pela Blue Horizon Corp.
“Essas proteínas alternativas vão coexistir com as proteínas tradicionais”, disse Sergio Pinto, diretor de inovação da BRF.
(Por Exame – Fabiana Batista, da Bloomberg)
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