A processadora de pagamentos Stone anunciou hoje um corte de 20% no seu quadro de 6.500 funcionários por causa da crise econômica desencadeada pela pandemia do novo coronavírus. A notícia foi dada pelo presidente da fintech, Tiago Piau, em uma reunião por videoconferência com os colaboradores às 8h.

Os funcionários atingidos pelo corte serão comunicados individualmente, segundo informações da assessoria de imprensa da Stone. “Vamos preservar aqueles com melhor desempenho em cada área, consolidar estruturas e melhorar processos, escreveu Piau. Para quem sai, serão oferecidos a extensão do plano de saúde familiar por quatro meses, vale-refeição e vale-alimentação, os computadores e celulares corporativos, além de um bônus em dinheiro proporcional ao tempo de casa.

A fintech vendeu ações em uma oferta pública na bolsa de Nova York em outubro de 2018, fez uma oferta subsequente em abril de 2019 e tem agora valor de mercado de 7,52 bilhões de dólares.

Quando a pandemia da infecção respiratória covid-19 começou a se disseminar no Brasil, a Stone colocou os funcionários em home office. No final de março, a fintech lançou um pacote de incentivos financeiros de 30 milhões de reais para os clientes e abriu uma linha de microcrédito de 100 milhões de reais para os setores mais afetados. Doou 10 mil testes para o novo coronavírus a entidades de saúde e financiou a construção de um hospital de campanha com 200 leitos no Rio de Janeiro.

Em pouco mais de um mês, porém, a situação se deteriorou e a crise de saúde pública e econômica provocada pela covid-19 está se mostrando pior do que o imaginado em março, Piau escreveu em uma carta pública. “Nosso planejamento precisa ser revisto. Neste momento, devemos nos basear no presente – e não na expectativa de futuro, como sempre fizemos em um contexto mais estável”, escreveu o executivo.

Na crise, duas táticas que são consideradas fortalezas da companhia acabam piorando a situação financeira de curto prazo da Stone, daí a necessidade de rever os planos e cortar funcionários. Uma é a decisão de não terceirizar os funcionários de atendimento ao cliente para garantir a qualidade do serviço. A outra é operar com mais funcionários do que o necessário para conduzir os negócios no presente.

“Nossa lógica é contratar hoje para daqui a alguns meses ter uma equipe preparada para atender aos nossos novos clientes e para que haja sempre gente dedicada a pensar em novas soluções”, escreveu Piau. “Porém, em um contexto de grande queda das vendas do varejo, vivenciando o que claramente é a maior crise da história da economia recente, essas duas estratégias contribuíram para um descasamento entre investimentos e receitas em nossa companhia.”

O tempo agora é de austeridade no mercado das maquininhas de cartão, efervescente nos últimos anos.

(Por Exame – Denyse Godoy )

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