Ao conseguir ajuda financeira, com crédito conquistado junto a instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), as redes médias do comércio varejista têm conseguido fôlego para brigar com as líderes de segmentos diversos, entre eles o setor supermercadista, que tem no Grupo Pão de Açúcar (GPA), no Carrefour e no Walmart os seus campeões de vendas.
Para Ricardo Pastore, coordenador do Núcleo de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), é preciso apresentar planos agressivos de expansão para conquistar linhas de crédito, e assim chamar a atenção de instituições como o BNDES. O banco de fomento, inclusive, parece estar atento à necessidade da ampliação das empresas menores, e afirma ter desembolsado nos primeiros nove meses deste ano para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), o volume recorde de R$ 36,2 bilhões, com uma alta de 8% na comparação com janeiro/setembro de 2010. Apenas as áreas de comércio e serviços receberam cerca de R$ 17,9 bilhões, comunica o BNDES.
Uma das empresas que viram resultado no financiamento com o banco de fomento foi a rede paranaense de supermercados Condor Super Center, que comemora neste final de ano o adiantamento de três anos das metas da empresa, ao obter um faturamento de R$ 2 bilhões. Este valor era projetado inicialmente apenas para o ano de 2014.
Segundo o presidente da rede Condor, Pedro Joanir Zonta, o número corresponde ao incremento de 20% na receita alcançada durante o ano de 2010, quando foram movimentados cerca de R$ 1,728 bilhão. Logo, este é o segundo ano em que a empresa atinge a cifra de 20% no crescimento dos negócios, garantiu o executivo.
Para atingir essa meta de crescimento com três anos de antecedência, a rede, que conta atualmente com 32 lojas em operação, afirma ter investido ao longo deste ano a quantia de R$ 100 milhões na inauguração de três hipermercados e na revitalização de unidades antigas. Segundo dados apurados junto à rede supermercadista, 60% desse montante dirigido para a expansão da marca têm vindo de fundos de investimento do BNDES.
Otimista com relação à expansão da empresa, o presidente da rede, Zonta, explica ainda que a diretoria resolveu traçar objetivos ousados para 2016, que foram anunciados na última semana durante reunião com empresários colaboradores da marca. A perspectiva da rede envolve o plano de permanecer entre as 10 maiores do País – hoje a bandeira detém a 10ª posição do segmento, conforme o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) – e, para isso, pretende dobrar o faturamento alcançado neste ano, com possibilidade de antecipar novamente o resultado esperado no montante de R$ 4 bilhões.
Além disso, a estimativa é de que a Condor Super Center conte com 45 lojas nos próximos cinco anos, ou seja, 12 a mais do número com que fechará este ano. Com a expansão da marca, a empresa estima que o número de colaboradores deva crescer em 50% para o mesmo período, quando as lojas pretendem empregar 12 mil funcionários contra os 8 mil que já possuem.
Financiamentos
Cliente antigo da financiadora, a rede Condor afirma ter aberto a primeira linha de crédito com o BNDES há quase 15 anos. Para ser mais precisa, a empresa começou a tomar empréstimo do banco de fomento no ano de 1998, justamente quando as redes brasileiras de varejo começavam a ser incorporadas por grandes multinacionais em diversos setores da economia. Um dos exemplos de maior expressividade na época foi a aquisição de 85 lojas brasileiras pelo Carrefour.
Devido ao aumento da concorrência, a empresa afirma ter se sentido incentivada a reagir para não perder espaço, além de acreditar na estabilidade da economia. A rede Condor decidiu investir nos negócios e competir com as grandes marcas que se instalavam no Brasil. “Nós tínhamos um planejamento, que foi sendo cumprido, e agora as multinacionais têm um crescimento menor do que tinham no começo dos anos 2000.”
Lojas
Para exposição dos produtos mais procurados pelo consumidor, as lojas têm reorganizado seus setores. “A cada loja, existem novidades nas instalações para fazer os setores serem mais funcionais”, explica Zonta. Segundo o presidente da rede, os setores de congelados, por exemplo, aumentaram de tamanho em quase 50% nos último 10 anos.
Outra área que tem ganhado maior visibilidade é a adega, que agora possui uma maior variedade e quantidade de produtos, além de refrigeradores para a venda de frisantes já gelados em vista da grande procura para o consumo imediato. A aposta nos eletrônicos também é um dos pontos de partida dos empresários. Com a Copa do Mundo, no ano de 2010, o crescimento da venda de televisores, principalmente foi alta, embora não existam números exatos.
A previsão para este ano era de queda, mas, para surpresa dos empresários, as vendas cresceram em 8% e estimulou ações para estimular a procura. “Fazemos promoções de finais de semana e vemos que a venda é de quase 600 telas”, exemplifica o executivo. Pastore comenta ainda que resultados semelhantes não são compartilhados por outras empresas nas vendas de produtos de maior valor agregado.
“O investimento nesses produtos ainda é pequeno. Além de faltar especialistas sobre o assunto para direcionar as vendas, a rentabilidade é diferente e isso faz as maiores redes ainda enfocarem em alimentos”, explica ele.
Expansão
Manter os planos de expansão em ritmo acelerado, para não dar brecha para a concorrência, é a perspectiva da empresa. A última realização da rede neste sentido foi a abertura de um hipermercado na cidade de Castro (PR), que pretende atender 150 mil clientes por mês através de uma praça de alimentação e duas salas de cinema, além de 9 pontos de apoio, como farmácia e lojas de roupas e produtos de beleza. É a 32ª loja aberta pela rede, instalada na 13ª cidade.
De acordo com o presidente da rede Condor, Pedro Joanir Zonta, o modelo como o inaugurado em Castro neste mês de novembro funciona muito bem em cidades que não possuem shoppings, já que o estabelecimento se torna um ponto de encontro para os moradores. A rede fechará o ano com 33 lojas, sendo a próxima a ser instalada na cidade de São José dos Pinhais (PR).
(Por DCI) Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo