Além do reflexo sobre as cotas dos fundos imobiliários negociados em Bolsa, a epidemia de coronavírus começa a surtir efeito negativo no pagamento de rendimento aos cotistas, inicialmente de fundos de shoppings como XP Malls, Grand Plaza Shopping e Shopping Pátio Higienópolis.

Isso porque, com uma circulação limitada de pessoas e fechamento do comércio não essencial para conter uma maior disseminação do vírus, gestoras de fundos de shopping centers têm se preparado para uma forte queda na receita, em um contexto marcado por acordos com lojistas no pagamento de aluguel.

Em comunicado ao mercado, a XP afirmou que o XP Malls (XPML11) não irá distribuir rendimentos mensalmente aos cotistas até que se tenha maior visibilidade quanto aos impactos no resultado dos shoppings do portfólio. No mês, o fundo tem queda de 41%.

“Esta medida visa proteger o patrimônio do fundo, uma vez que, neste momento, é difícil estimar o tamanho do impacto negativo no resultado do fundo nos próximos meses”, escreveu a gestora.

Segundo a XP, a depender do resultado dos ativos da carteira nos próximos meses, o fundo poderá fazer uma distribuição única de rendimentos quando encerrado o semestre vigente.

A decisão também foi tomada pela Rio Bravo Investimentos, que não fará a distribuição de dividendos referente a março dos fundos Grand Plaza Shopping (ABCP11) e Shopping Pátio Higienópolis (SHPH11), que recuam 32% e 24,4%, respectivamente, no mês até o dia 24.

Em fato relevante, a gestora explicou que as receitas provêm de aluguéis fixos e variáveis firmados com os lojistas, do estacionamento e do merchandising – que estão sendo diretamente afetados pela queda de fluxo.

A Rio Bravo reforça, contudo, que, conforme a legislação vigente, a distribuição de 95% do resultado do fundo dentro do semestre será cumprida.

No mesmo segmento, o Vinci Shopping Centers (VISC11) divulgou comunicado em que destaca o dinheiro em caixa do fundo para atuar durante a crise, evitando suspensões na distribuição por ora.

“O fundo dispõe de um resultado acumulado não-distribuído, que, somado ao caixa do mês de março (referente ao resultado de fevereiro), constituirá uma reserva que poderá ser utilizada para a distribuição de rendimentos no momento mais agudo da crise”, escreveram os gestores da Vinci.

O documento ainda assinala que, em termos de liquidez, o fundo apresenta uma “situação extremamente confortável”, com mais caixa do que vencimentos em até um ano.

Fundos como o Vinci Shopping Centers e o XP Malls estão entre os mais descontados do Ifix, índice de referência do segmento. Segundo levantamento feito pelo InfoMoney com base em dados da Economatica, os FIIs possuíam, em 20 de março, uma relação entre preço e valor patrimonial de 0,64 e 0,72 vez, respectivamente. No fim do ano passado, a métrica P/VPA correspondia a 1,14 e 1,32 vez. Confira a reportagem completa aqui.

(Por InfoMoney –  Mariana d’Ávila)

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