A partir do mês que vem, as marcas de luxo presentes nos corredores do Iguatemi chegarão ao celular e aos computadores – e na casa dos consumidores em até 48 horas. Essa é a promessa do Grupo Iguatemi, que lança sua plataforma de comércio eletrônico, o Iguatemi 365, em outubro. No formato de marketplace – espécie de shopping center virtual, que junta no mesmo ambiente diversas lojas –, o canal pretende ampliar o alcance do Iguatemi para todo o País. A vitrine virtual nasce com 80 marcas internacionais pesos pesados, como Tiffany, Ermenegildo Zegna e Dolce & Gabbana.
“Nós nos preparamos muito para entrar no negócio online”, disse Carlos Jereissati Filho, presidente do grupo. “Somos a única empresa que tem uma marca ligada ao luxo reconhecida nacionalmente e temos capacidade de fazer uma segmentação que nenhuma outra tem. Por isso, faz todo o sentido fazermos curadoria de marcas e produtos.”
Com faturamento de R$ 13 bilhões proveniente de 15 shoppings, dois outlets premium e três torres comerciais, o Grupo Iguatemi vê uma oportunidade inédita com a plataforma. “No passado, qual era o jogo (em relação à expansão dos shoppings)? Era fazer uma unidade em São Paulo, outra no Rio de Janeiro e outras capitais. Hoje não”, afirmou Jereissati. “Posso estar em São Paulo e vender para o resto do Brasil (pela plataforma) online. Não preciso mais criar um shopping em Recife para levar a nossa marca para lá, por exemplo.”
Na plataforma, o consumidor poderá fazer a compra e retirar no shopping Iguatemi ou pedir para que seja entregue em casa, em qualquer lugar do País, em 48 horas. O canal e-commerce também terá marcas sem loja física no Brasil. “Vai ser um bom lugar para marcas testarem sua aceitação no mercado, antes de investir numa loja física”, afirmou Jereissati.
Além de ser alternativa para os lojistas, Jereissati afirmou que a plataforma também oferece mais alternativas ao consumidor. “Entre 50% e 60% das marcas do Iguatemi estão só em São Paulo”, disse. “Agora, estarão acessíveis para consumidores de todo o País. Quer comprar um Dolce & Gabbana? Entra no 365.”
De acordo com o consultor Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria GS&Malls, especializada em shopping centers, a venda online é um caminho sem volta, seja para o mercado de luxo ou popular. “As empresas têm de estar no universo online se não quiserem abrir brecha para o concorrente”, disse.
No ano passado, o shopping Cidade Jardim, do grupo JHSF, também lançou sua plataforma digital. Mas, para Marinho, o Iguatemi tem potencial grande para crescer neste mercado e ampliar o alcance de sua marca em todo o País. “A marca Iguatemi é muito forte, o que dá uma vantagem competitiva”, afirmou. “Tem consumidor que viaja para São Paulo só para fazer compras.”
O grupo estudava desde o início dos anos 2000 entrar no segmento e-commerce. No entanto, o projeto era muito caro. “Se você quisesse montar uma plataforma online, teria de comprar um estoque grande. Até há dez anos, o negócio era inviável porque muitas marcas não estavam preparadas para esse mundo digital”, disse Jereissati.
Em testes há alguns meses, o Iguatemi 365 tem cerca de 500 pessoas estão cadastradas, inclusive Jereissati. O grupo não divulga investimentos feitos no novo negócio.
Independentemente das turbulências globais, o mercado de luxo continua crescendo. Em 2018, esse setor, que inclui tanto bens de luxo quanto experiências, movimentou cerca de 1,2 trilhão de euros, crescimento de 5% sobre o ano anterior, segundo a Bain & Company. O mercado de bens pessoais de luxo cresceu 6%, totalizando 260 bilhões de euros.
No Brasil, esse mercado encerrou o ano passado em 2,6 bilhões de euros, queda de quase 10% em relação ao ano anterior, por conta das incertezas em relação às incertezas políticas.
A tendência, de acordo com a Bain, é que as compras de luxo online continuem a acelerar em comparação com os canais físicos. As transações cresceram 22% em 2018, para € 27 bilhões. O mercado dos EUA representou cerca de metade das vendas online.
(Por Mercado&Consumo)
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