Acusada de sonegação fiscal, empresa realiza apenas vendas à vista com pagamento em cheque
Com contas bloqueadas pela Justiça após acusação de sonegação de impostos, a fabricante de refrigerantes Dolly decidiu fechar sua fábrica em Tatuí, no interior paulista. “Demitimos a fábrica inteira. São cerca de 700 funcionários. Se a conta está presa, não consigo pagar funcionários e também não consigo pagar imposto”, afirmou Laerte Codonho, proprietário da empresa.
Segundo o empresário, a distribuição dos produto Dolly está comprometida e as grandes redes de varejo deixaram de recebê-los. “Estamos distribuindo em quantidade menor e tentando nos adaptar. Eu não posso vender para as grandes redes porque elas têm um contrato em que depositam na conta. E se deposita na conta, fica parado”, afirma Codonho. Apenas vendas à vista com pagamento em cheque podem ser feitas. Além da fábrica de Tatuí, a empresa conta com uma unidade em Diadema, na Grande São Paulo. A engarrafadora da empresa no Rio de Janeiro também sente os efeitos do bloqueio.
Laerte Codonho foi preso em maio e solto dias depois, porém cumpre determinação judicial de recolhimento domiciliar e está afastado da gestão da empresa. O empresário nega ser devedor de valores tão expressivos como os citados na investigação. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o dono da Dolly afirmou não ter entendido as razões de sua prisão, uma vez que, segundo ele, vem pagando parcelamento de débito negociado no ano passado. Codonho também contesta a operação Clone, de que foi alvo em 2017. Na mesma entrevista, afirmou ser perseguido por um complô formado pela Procuradoria, que, de acordo com o empresário, estaria interessada em receber honorários; e pela Coca-Cola, que estaria preocupada com a concorrência da Dolly.
A Procuradoria Geral do Estado de São Paulo respondeu afirmando que os débitos estaduais inscritos em dívida ativa, de responsabilidade do grupo Dolly, estão disponíveis para consulta pública, na página eletrônica do órgão, onde se identifica débito total superior a R$ 1,5 bilhão. A procuradoria também informou que o bloqueio judicial de bens do grupo Dolly foi determinado em ações ajuizadas pelo Ministério Público e pela Procuradoria, assim como no âmbito federal pela atuação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. “O débito de R$ 33 milhões recolhido para restabelecer a inscrição estadual da empresa Ragi Refrigerantes, após a Operação Clone, referia-se a ICMS de substituição tributária. O não pagamento dessa modalidade do imposto caracteriza crime”, afirmou o órgão, em nota.
Sobre a acusação de que busca honorários, a Procuradoria afirma que a “verba honorária recebida pelos Procuradores do Estado é paga em valor fixo, submetendo-se ao teto constitucional e ao controle dos órgãos competentes”.
Em nota, a Coca-Cola declarou que “não tem qualquer envolvimento com os processos judiciais que o empresário enfrenta”.
(Por Super Varejo) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Dolly