A rede sueca de móveis e produtos para casa Ikea estuda entrar no Brasil. A questão tem sido tratada no âmbito do conselho de administração da companhia, dentro de um projeto para entrada simultânea nos mercados do Brasil, Argentina e Uruguai, apurou o Valor.
Se o projeto avançar, a abertura de pontos no país se dará por meio de um acordo com a varejista chilena Falabella, que já opera no mercado brasileiro com as redes de material de construção Sodimac e Dicico. O projeto também envolve abertura de uma loja on-line em paralelo à inauguração das unidades físicas.
Se evoluir, o plano deve seguir as mesmas diretrizes traçadas no acordo anunciado na sexta-feira entre a Ikea e a Falabella na América do Sul. O Inter Ikea Group informou, em comunicado, que as primeiras unidades da Ikea na América do Sul serão abertas no Chile, na Colômbia e no Peru por meio de um contrato de franquia com a Falabella. Na nota, a empresa não menciona planos para o Brasil.
O Valor apurou que se os resultados forem positivos nesses três países, as primeiras unidades no mercado brasileiro poderão ser abertas até 2025. Procurada, a Falabella se limitou a repetir que, no momento, a abertura ocorrerá nos mercados chileno, colombiano e peruano. A Ikea não se manifestou sobre o assunto.
No fim de 2017, ao mencionar em entrevista futuras regiões para crescimento, o presidente da Inter Ikea, Torbjörn Lööf, disse que o Brasil não estava na lista inicial de novos mercados a explorar na América do Sul, pela complexidade do país.
Sempre houve uma resistência dos suecos em relação à abertura de uma operação no Brasil, por isso a necessidade de buscar um operador local para o negócio. Os principais obstáculos repetidamente mencionados pelo comando do grupo são a logística difícil e cara e as altas tarifas de importação da China e da Europa, que inviabilizariam a reprodução do modelo de preços baixos da rede. A Ikea é uma das redes referência no formato “faça você mesmo”.
A parceria com uma rede local possibilitaria maior acesso a fornecedores de países do Mercosul. No Brasil, também cresceu o volume fornecido por fabricantes locais para varejistas do segmento. Na Tok&Stok, apenas 15% do portfólio é importado.
Segundo o comunicado da Ikea, a abertura da primeira loja será no Chile no fim de 2020. A empresa não planeja investimentos altos na região, considerando que se tratam de unidades franqueadas – deve investir basicamente em treinamento e na troca de conhecimento com a Falabella. Os chilenos devem investir US$ 600 milhões nos três países escolhidos inicialmente. Em dez anos, o plano é abrir, pelo menos, nove lojas nesses países.
A Falabella opera no mercado de construção no Brasil desde 2013, quando adquiriu o controle da Dicico. Dois anos depois, a companhia inaugurou a primeira unidade da cadeia Sodimac no país. Acabou iniciando operações num período de maior desaceleração do varejo da construção.
Em 2017, a Falabella vendeu US$ 14 bilhões no mundo, com crescimento de 4,5% (em pesos) sobre o ano anterior. O grupo tem 494 lojas na América Latina.
O grupo Ikea apurou vendas líquidas no varejo de EUR 34 bilhões no ano passado, alta de 4%. A rede soma 420 lojas no mundo.
(Por Valor Econômico – Mikael Sjoberg) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Ikea