O grupo de varejo e comércio eletrônico formado por Lojas Americanas e B2W está ingressando em um terceiro ciclo de crescimento, que exigirá menos investimentos e marcará uma expansão mais profunda dos negócios digitais.
As empresas anunciaram a criação de uma companhia que ficará encarregada pela operação de logística de ambas e que servirá de base para suportar a cada vez mais presente multicanalidade entre o varejo físico e o online, em que, por exemplo, clientes podem comprar no site e retirar os produtos em lojas próximas de suas casas.
“Estamos entrando em um terceiro ciclo, onde não precisaremos investir tanto quanto no passado”, disse o diretor financeiro da B2W, Fabio Abrate, em entrevista a jornalistas. Os investimentos da B2W em 2017 somaram cerca de 380 milhões de reais, menos que a metade do aplicado um ano antes.
“Verticalizamos a companhia para conseguirmos ter um negócio de comércio eletrônico dentro de um mercado desafiador…E criamos algumas barreiras para novos entrantes competirem neste mercado”, disse Abrate.
Ele não citou especificamente os rumores do mercado sobre os planos da gigante norte-americana Amazon.com ampliar sua presença no Brasil, mas ao ser questionado a respeito, afirmou que “respeitamos muito a Amazon, mas é mais um competidor dentro de um ambiente que já é extremamente competitivo”.
A B2W reduziu em quase 66 por cento o prejuízo líquido do quarto trimestre, para cerca de 35 milhões de reais, apoiada em parte em uma redução de 46 por cento no resultado financeiro líquido negativo, que ficou em cerca de 174 milhões de reais. A alavancagem da empresa caiu de 3 vezes em setembro para 2,4 vezes no fim de dezembro.
A controladora Lojas Americanas, no consolidado, teve alta de 11,4 por cento no lucro, para 284,7 milhões de reais, no quarto trimestre sobre um ano antes.
Abrate comentou que o novo ciclo de crescimento da B2W permitirá à empresa manter em cerca de 400 milhões de reais o patamar de investimentos nos próximos anos.
A nova empresa de logística das companhias, chamada de Let’s, vai administrar uma rede de 1.300 lojas físicas da Lojas Americanas e em 300 delas está disponibilizada a opção de retirada de mercadorias compradas nos sites da B2W, que abriga as bandeiras Americanas.com, Submarino e Shoptime.
Em outra frente, a B2W, que já faz desconto de recebíveis dos lojistas de seu marketplace deve ampliar a oferta de serviços financeiros nos próximos meses, incluindo oferta de financiamento aos vendedores entre as opções, disse Abrate. O movimento vem sendo adotado por rivais como o Mercado Livre, que tem ampliado investimentos em logística e produtos financeiros no Brasil.
“Financiamento para os vendedores é importante. É um ponto que estamos olhando”, disse o executivo. “Ao longo de 2018 vamos ter mais iniciativas nesta frente…Estamos pensando em algo que vai além da ‘maquininha’”, disse Abrate ao ser questionado se a B2W, assim como rivais, está planejando em ter uma operação de meios de pagamentos.
“O marketplace habilita a gente a ter um negócio significativo em meios de pagamento”, afirmou o executivo.
Segundo ele, a B2W tem 10 mil vendedores inscritos em sua plataforma de comércio eletrônico, conectando dois mil novos a cada trimestre. A operação de marketplace da empresa foi lançada há quatro anos e encerrou o quarto trimestre de 2017 com vendas de 1,8 bilhão de reais, alta de 108 por cento sobre o resultado obtido um ano antes.
Com a empresa se preparando para a nova expansão, a presidente-executiva da B2W, Anna Christina Ramos Saicali, vai assumir a presidência do conselho de administração da empresa a partir de 1 de junho. Saicali está na presidência da companhia há 14 anos. Para o lugar dela, a B2W escalou Marcio Cruz Meirelles, que está na Lojas Americanas há mais de 20 anos e é atualmente diretor comercial estatutário da empresa.
(Por Exame) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM, Lojas Americanas