O índice de ruptura nos supermercados, que mede a falta de produtos nas gôndolas, chegou a 10,29%, em janeiro de 2018, segundo dados da Neogrid/Nielsen obtidos com base na movimentação de 10 mil lojas do setor em todo o país. Em dezembro último, o indicador foi de 10,11%, mantendo a média estável já sinalizada no segundo semestre do ano passado, quando variou entre 10,22%, em junho, a 10,51%, em novembro.

Para o vice-presidente de Operações da Neogrid, Robson Munhoz, a indústria e varejo ainda tentam entender e lidar com as escolhas do consumidor, o que influencia a ruptura. “Em 2017, com a crise, houve a substituição de produtos habitualmente consumidos por outras marcas de menor preço, mas que não têm um histórico de vendas relevante para serem repostos com frequência. Isso provavelmente manteve o indicador considerado ainda alto”, argumenta o executivo.

Munhoz também destaca que as promoções sem previsões assertivas, embates comerciais nas negociações com fornecedores – que ficaram mais acirrados e demorados, gerando a falta de certos produtos nas lojas por longos períodos, e o aumento o volume de compras pelo varejo para melhorar a ruptura, foram tomadas a partir da incerteza econômica do país. 

Sintonia entre a indústria e o varejo –Para 2018, Robson Munhozacredita em um mercado mais otimista com o índice de ruptura estável, especialmente com varejo e indústria em sintonia para atender a demanda das famílias que deve aumentar nos próximos meses. A estabilidade da ruptura já havia sido sinalizada no segundo semestre do ano passado, quando os índices variaram entre 10,22%, em junho, a 10,51% de novembro.

A produção industrial brasileira encerrou 2017 com crescimento de 2,5%, após três anos de perdas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já as vendas dos supermercados brasileiros cresceram 1,25% em termos reais no acumulado do ano de 2017 na comparação com 2016. Somente no mês de dezembro de 2017, as vendas subiram 2,55% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Isso quer dizer que a indústria e o varejo já estavam mais otimistas para as festas de fim de ano. “Com a retomada da confiança, o varejo supermercadista abasteceu suas lojas com grande quantidade e variedade de produtos e alimentos, que diminuiu a falta de determinados itens”, revela Munhoz.

O executivo da Neogrid explica que, apesar da estabilidade a partir do segundo semestre 2017, o índice de ruptura ainda é alto na comparação com dados históricos de 8%, considerados adequados para o varejo supermercadista. E quais seriam as causas do índice ainda considerado alto da ruptura? Munhoz explica que os reflexos da crise econômica ainda influenciam a variação do indicador durante todo o ano de 2017.

Em períodos de crise, segundo o executivo, é comum a mudança de hábito do consumidor. “Com a diminuição dos gastos dos brasileiros com refeições fora de casa, houve um aumento da procura por itens mais utilizados para o preparo delas em casa. As pessoas tendem a comer mais em sua própria residência e buscam mais itens nos supermercados, o que pode ocasionar uma ruptura maior”, relata.

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