A inflação no Brasil, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de -0,23% em junho, informou hoje o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Foi a primeira deflação mensal registrada no país desde junho de 2006, quando ficou em -0,21%, além de ser a taxa mais baixa para o mês desde o início do Plano Real.

Também representa uma queda forte em relação a maio, quando ficou em 0,31%, e em relação ao mesmo mês do ano passado, quando ficou em 0,35%.

Com isso, o acumulado em 12 meses está em 3%, abaixo da meta do governo, que é de 4,5% com dois pontos porcentuais de tolerância para cima ou para baixo.

Contexto

Uma deflação em junho já estava sendo apontada por dados preliminares e por estimativas do mercado.

Em entrevista na noite de ontem (06), o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reconheceu a possibilidade, mas pontou que este movimento “provavelmente vai ficar só no mês passado”.

A próxima reunião do Copom para decidir a taxa de juros será nos dias 25 e 26. O BC havia sinalizado uma redução no ritmo de corte de juros diante da crise política, mas a queda consistente da inflação enfraquece essa aposta.

A queda do consumo, da renda e do emprego também estão entre os fatores que contribuem para queda dos preços.

Grupos

4 dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE tiveram queda de preços no mês. Artigos de Residência foram de -0,23% em maio para -0,07% em junho.

Alimentação e Bebidas, que tem peso acima de um quarto no total da cesta que compõe o índice, aprofundou a queda de -0,35% em maio para -0,50% em junho.

O mesmo aconteceu em Transportes, que foi de -0,42 em maio para -0,52% em junho puxado pelos combustíveis, que caíram 2,84% e tiveram impacto negativo de -0,14 ponto percentual na taxa mensal.

Duas reduções de preços autorizadas pela Petrobras deixaram o litro de gasolina 2,65% mais barato, influenciado também por uma queda de 4,66% no etanol, que faz parte da sua composição.

Habitação

Habitação teve a maior virada: de 2,14% em maio para -0,77% em junho, resultado do impacto negativo das contas de energia elétrica.

Esse item ficou mais barato em 5,52% e foi responsável, sozinho, por um impacto negativo de 0,20 ponto percentual no IPCA do mês.

Isso foi resultado da substituição, em primeiro de junho, da bandeira vermelha pela verde, levando a uma redução de R$ 3,00 a cada 100 kwh consumidos. Além disso, houve queda de 6,03% nas tarifas de Belo Horizonte.

Tudo isso pesou mais do que fatores de alta como o aumento do PIS/COFINS na maioria das regiões pesquisadas.

Outros fatores que pressionaram o grupo Habitação para cima foram aumentos de 1,14% nas contas de condomínio e de 2,16% nas de água e esgoto.

(Por Exame) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM