Quarta maior empresa de varejo alimentar no Brasil, o grupo chileno Cencosud completa dez anos de atuação no País ainda enfrentando uma fase de ajustes em sua operação local. Na tentativa de recuperar resultados, mudanças foram feitas no portfólio – foi interrompida a venda de eletroeletrônicos em lojas da rede Bretas, apurou o Valor – e supermercados de maior porte foram transformados em unidades de “atacarejo”, na tentativa de aumentar em 20% as vendas de lojas com baixos resultados.
Unidades deficitárias continuam a ser fechadas – pelo menos onze lojas do grupo encerraram as portas nos últimos meses (a maior parte delas pertencia à rede Bretas e uma minoria, à sergipana G. Barbosa), segundo fonte a par do assunto. Também foram feitas mudanças na política comercial, com promoções mais agressivas especialmente a partir da segunda metade de 2016, no intuito de ampliar o volume vendido, apesar dos efeitos sobre a rentabilidade.
De acordo com informações prestadas pela companhia aos analistas estrangeiros em março, parte da tática que vem sendo implementada tem dado resultados, mas nem todas as rede reagem.
A rede G.Barbosa, controlada pelo grupo desde 2007, tem respondido bem às ações no segmento alimentar, assim como a Mercantil Rodrigues, a principal cadeia de atacado da empresa. No terceiro trimestre de 2016, as vendas “mesmas lojas” do grupo no País não caíram. O indicador, que compara o desempenho de pontos em funcionamento há mais de um ano, apresentou a primeira variação positiva (0,2%) após seis trimestres.
Mas a fluminense Prezunic e a mineira Bretas têm registrado um desempenho mais instável. O comando do grupo disse a analistas, semanas atrás, que identificou uma piora maior nas vendas em mercados consumidores afetados pela crise fiscal dos Estados no Brasil. A empresa é uma das maiores varejistas de supermercados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, regiões afetadas pelo atraso no pagamento do funcionalismo público.
Segundo informações que circulam no mercado nos últimos dias, a empresa estaria cogitando devolver lojas deficitárias da rede Bretas, compradas em 2010, para os antigos donos. Um grupo de cerca de dez sócios controlava o negócio quando ele foi vendido. O Valor apurou que o presidente e sócio do grupo Cencosud, o alemão naturalizado chileno Horst Paulmann viria ao Brasil para tratar sobre o futuro dessas lojas.
A companhia pagou R$ 1,35 bilhão por 62 lojas do Bretas. A rede tem atualmente cerca de 90 unidades em Goiás e Minas Gerais. Procurada pelo Valor, a empresa não comenta o assunto.
A Cencosud é uma empresa chilena, com operações na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru, e vendas totais de cerca de 10 trilhões de pesos chinelos em 2016 (US$ 15,5 bilhões no ano passado), queda de 6%. No Brasil, a empresa soma 211 lojas com cinco bandeiras conhecidas regionalmente – Bretas, Prezunic, Mercantil Rodrigues, Perini e G.Barbosa.
Desde que começou a atuar no País fazendo aquisições, em 2007, a empresa já teria investido entre R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões para adquirir redes. O encarecimento dos ativos no período em que chegou por aqui e a compra de negócios que acabaram registrando desempenhos instáveis teriam afetado os planos de crescimento local mais acelerado.
Segundo dados publicados pela empresa no início deste mês, as vendas no Brasil somaram cerca de R$ 7,7 bilhões em 2016 (ao considerar as taxas de câmbio relatadas pelo grupo no balanço anual), versus R$ 9,4 bilhões em 2015, uma redução de 24%. A valorização do peso em relação ao real, de cerca de 15%, teve efeito nos resultados.
No acumulado de 2016, a empresa voltou a alcançar lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação no Brasil, com a soma alcançando cerca de R$ 35 milhões, versus perdas de R$ 554,6 milhões em 2015 (considerando o câmbio informado em balanço).
(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM