Os planos da maioria das redes de varejo de capital aberto para este ano preveem ritmo de abertura de lojas inferior ou, na melhor das hipóteses, igual ao de 2016, quando as cadeias já haviam registrado o mais baixo volume de inaugurações da década. Esta é uma das explicações para a manutenção dos baixos investimentos em 2017.
Poucas companhias que reduziram drasticamente suas inaugurações no ano passado, como Magazine Luiza, dizem que pretendem recuperar a velocidade de aberturas neste ano, segundo levantamento do Valor.
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) deve abrir menos pontos ou atingir um número próximo ao registrado no ano passado – quando apurou o mais baixo volume de inaugurações desde 2009, ano em que passou a operar com a sua estrutura atual. No varejo alimentar, o GPA fez 12 aberturas até setembro de 2016 e anunciou outras 9 desde então, somando 21 pontos novos, entre supermercados, hipermercados e lojas de atacado (Assaí). Para 2017, a empresa estima 20 inaugurações – podendo chegar a 22 se o volume de aberturas do Assaí atingir o teto estimado de 8 lojas no ano.
Para efeito de comparação, poucos anos atrás, o grupo inaugurava centenas de lojas – foram 118 em 2015 e 212 em 2014, incluindo as unidades de Casas Bahia e Ponto Frio, redes controladas pelo GPA. Para essas duas cadeias de varejo de eletrônicos, foram anunciadas três aberturas no ano passado, e para 2017, não há previsão de novos pontos.
Os grupos Saraiva e Brasil Pharma também têm estimativas conservadoras. A BR Pharma enfrenta um processo de redução de tamanho, com venda de suas redes de farmácias, sem previsão de aberturas no momento. A Saraiva abriu dois pontos em 2016, e anunciou duas novas unidades em 2017, até agora. Uma nova livraria, em Fortaleza, prevista para dezembro ficou para janeiro.
No varejo de vestuário, a Marisa, que encolheu de 413 para 398 unidades de janeiro a setembro passado, não pretende inaugurar outras lojas em 2017. A Riachuelo reduziu de forma considerável as inaugurações em 2016 – 5 aberturas, versus 28 no ano anterior. Para 2017, a rede não informou o plano de aberturas, mas ressaltou que pretende focar os investimentos em reformas.
Uma exceção é a Renner, que abriu 25 pontos em 2016, e tem a meta de inaugurar 150 unidades de
2017 a 2021 – uma média de 30 ao ano, acima do apurado em 2016.
Uma das redes com o projeto mais agressivo de expansão do varejo, a Lojas Americanas reduziu de forma expressiva o seu ritmo de inaugurações em 2016.
Em 2015, foram 92 aberturas e no ano passado, até novembro, o número caiu para 30. Isso levou os analistas de mercado a descartarem, para 2016, a hipótese de a rede atingir a média anual prevista, de 160 por ano, entre 2015 a 2019 (a companhia havia anunciado 800 aberturas nesses cinco anos). A cadeia não comenta previsões para 2017, mas o mercado já considera que o fraco ritmo de aberturas terá que ser compensado por outras receitas. “Acreditamos que essas estratégias [de venda de itens marca própria e de oferta de serviços financeiros] devem ajudar a [Lojas Americanas] a manter um forte impulso, e compensar o ritmo de aberturas mais lento do que o esperado”, escreveu em relatório Guilherme Assis, analista da Brasil Plural.
Esses efeitos de compensação são relevantes pelos riscos que os varejistas correm quando interrompem, por períodos longos, o ritmo de abertura de lojas. Novas unidades afetam a margem de lucro operacional, por pressionarem as despesas, mas impulsionam o aumento das vendas totais. Tanto que, ao se descontar esse efeito de aberturas, muitas vezes, a receita líquida perde o vigor. Além disso, quando ocupa novas áreas geográficas em períodos de crise, a varejista tende a ganhar participação de mercado de forma mais acelerada quando a economia reage.
Mas há uma lógica na cautela em relação a esses investimentos. Em tempos de capital mais caro e escasso, as redes gastam menos para proteger caixa. Foi por isso que os investimentos perderam força. Para se ter uma ideia, o GPA investiu em novas lojas e terrenos, até setembro de 2016, 26% menos que um ano antes. Em reformas e conversões, o valor subiu 14%. Para 2017, o grupo manterá o patamar de investimentos de 2016.
O Magazine Luiza investiu em novas lojas, até setembro de 2016, 10% do ano anterior. A rede espera manter o valor investido neste ano, embora projete retomar inaugurações. Na Renner, os gastos com novas lojas subiram 6% e na Riachuelo, caíram 70% até setembro.
(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de varejo, retail lab, ESPM