O Núcleo de Varejo da ESPM-SP e o Retail Design Institute (RDI) Brasil realizaram, em 26 de agosto, o Fórum Internacional: Design, Varejo & Inovação 2016, que ocorreu no Auditório Philip Kotler, do Campus Prof. Francisco Gracioso da ESPM-SP. Essa foi a primeira ação de uma parceria entre a ESPM e o RDI Brasil e tem como objetivo desenvolver conhecimento em visual merchandising e design de varejo. Durante o fórum, o coordenador do núcleo, Ricardo Pastore, e o presidente do RDI Brasil, George Homer, anunciaram o lançamento de um curso de atualização voltado para designers, especialistas em visual merchandising e gestores do varejo.
Durante toda a manhã, alguns especialistas da área apresentaram cases e tendências ao público. O destaque ficou por conta do arquiteto da Atmospheric Experience Group, Brian Dyches. Ao subir ao palco, o especialista em design de varejo fez questão de ressaltar que momentos de crise como este que o Brasil vive são sempre férteis em oportunidades. “Adorei quando vi aqui o slogan da ESPM, Quem Faz Transforma, porque esta é a palavra mais importante e que todos devemos ficar atentos: transformação”, enfatizou.
Em seguida, Dyches contou que trabalhava na quinta maior empresa de arquitetura norte-americana, quando, em 2010, perdeu o emprego, como 60% dos profissionais dessa área. “Arquitetura foi a indústria que mais perdeu empregos nos Estados Unidos naquela época”, lamentou e completou: “Mas eu observei que o mundo digital e os dispositivos móveis eram um caminho promissor. Vejam, temos que aprender a ouvir todos os ventos da transformação e, a crise tem essas oportunidades”. Assim, enveredou para o varejo e decidiu unir seus conhecimentos trazidos da arquitetura com as inovações tecnológicas e as oportunidades e necessidades do campo. Atualmente, é um dos mais renomados profissionais na área de design e inovação para o varejo nos Estados Unidos.
O convidado ressaltou que o varejista não pode mais pensar apenas no design da e para a loja, mas entender que o consumidor deve ser envolvido pelo design de experiência. Dyches lembrou um projeto materializado em uma loja do shopping JK Iguatemi, em São Paulo, do arquiteto Arthur Casas para a loja de vinhos Mistral: http://www.archdaily.com.br/br/01-93420/loja-de-vinho-mistral-slash-studio-arthur-casas. “Você gira a garrafa de vinho e vê um texto sobre a história da cave e sobre a uva. Há um mundo digital embutido no design do ambiente”, acrescentou explicando que a tecnologia e a ergonomia não podem dar as costas para o design de varejo. “Você usa a psicologia do consumidor para atraí-lo e deixá-lo mais tempo na loja”, completou.
Outro caso apresentado pelo especialista foi o da Primark (rede de lojas de roupas e acessórios), quando abriu uma loja na Espanha. “Para entrar no país eles tinham que fazer algo extraordinário. O ambiente é gigante e eles precisavam focar a atenção do consumidor. A loja tem muitos andares e este é outro desafio, porque o movimento costuma cair 20%, por andar”, alertou. Nas imagens da loja que trouxe para a apresentação que fez do palco do auditório Kotler, Dyches mostrou que no vão central da loja foram colocadas lâmpadas de led animadas, que vão dando dicas do que encontrar nos andares superiores. “Dessa forma, a marca incorpora o ambiente digital à loja. Se estiverem na Espanha, visitem a Primark”, recomendou.
Novas tecnologias para o varejo
Por beacons (aparelhos de proximidade que emitem informações, por meio da tecnologia bluetooth, diretamente aos smartphones cadastrados), segundo Dyches, é possível transmitir mensagens para o consumidor sobre um vinho e ainda dizer para ele ir almoçar no shopping, explicou ao usar o exemplo da Mistral do shopping JK Iguatemi. Além disso, abordou os dispositivos ligados à geolocalização. “Com geopush (notificação sincronizada a geolocalização) é possível pensar sobre a jornada do consumidor dentro da loja ou do shopping. O cliente está conectado e ele olha para o celular quando está na loja o tempo todo. É preciso também lembrar que hoje em dia as pessoas não têm mais tempo, portanto, com geopush, você pode facilitar a vida do cliente”, indicou.
O vice-presidente global de varejo e consumo da British Telecom, Tom Wolf, outro convidado para o fórum, acredita que o varejo está apenas começando a utilizar as novas tecnologias. “Essa área ainda não está muito desenvolvida no varejo. O setor está apenas começando e ainda há muito a fazer”, explicou. Wolf afirmou que uma tecnologia simples e de grande importância aos lojistas e que ainda é pouco utilizada é a de gerenciamento de estoque por RFID (Radio Frequency Identification ou Identificação por Rádio Frequência). “Todos os itens na loja passam a ter uma etiqueta RFID, que pode ser lida com um dispositivo simples, propiciando uma rápida contagem do estoque disponível e permite localizar facilmente itens dentro da loja. A leitura pode ser feita também com qualquer dispositivo inteligente que possua leitor RFID”, explicou.
O professor Pastore questionou Dyches sobre como as inovações podem ajudar o varejista a encontrar novas oportunidades. “Inovação também tem aspectos simples. Pegue como exemplo o serviço no Brasil, o varejista pode começar com pontos básicos. O Brasil não tem que ser como Tóquio e Hong Kong. O lojista pode pensar em uma única ação, por exemplo, gamificação. Dê um passo de cada vez”, respondeu o convidado. Wolf pegou carona na pergunta e acrescentou que investimento em tecnologia é caro nos Estados Unidos ou no Brasil. “Não há necessidade de fazer tudo de uma vez. Se precisa melhorar o estoque, pode investir apenas em RFID”, ponderou.
Também participante do fórum, o proprietário da Droid, Oficina de Merchandising and Droidigital Mídia, Ronald Peach Jr., respondeu à indagação do público sobre a tecnologia atrapalhar o vendedor. “A tecnologia serve como ferramenta para o vendedor. Ela ajuda a vender”, enfatizou. George Homer, da RDI Brasil, aproveitou para acrescentar que as novas tecnologias estão transformando o mundo. “As empresas sempre trabalharam em silos, mas as soluções agora têm que ser entregues de forma horizontal”, explicou.
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