O Grupo Netshoes, de comércio eletrônico, anuncia hoje a compra da varejista de calçados Shoestock, de São Paulo. A informação foi antecipada ontem pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. A expectativa da Netshoes com a aquisição é gerar uma receita nova para sua loja virtual de moda Zattini da ordem de R$ 100 milhões por ano. O valor do negócio foi mantido em sigilo.

“A experiência digital aliada a uma marca querida dos consumidores pode nos levar a alcançar os números que a Shoestock já atingiu em seu passado glorioso, que foi da ordem de R$ 100 milhões”, afirmou Marcio Kumruian, presidente do Grupo Netshoes.

Fundada em 1986 pelas irmãs Lucilia Delia Fabricio e Marcia Fabricio Cahielo, a empresa foi fechada em setembro do ano passado, por decisão das sócias, devido a problemas financeiros. A companhia não pediu falência ou recuperação judicial. Em 2011, a Shoestock chegou a atingir vendas de R$ 100 milhões no ano, com exposição de 15 mil produtos, entre calçados, bolsas e acessórios. A empresa teve dificuldades para manter o seu formato de varejo, com lojas de 1,5 mil m2 em áreas nobres e coleções próprias fabricadas por indústrias do Rio Grande do Sul.

A Shoestock chegou a vender suas coleções para redes multimarcas, mas sem êxito financeiro. Em 2015, as vendas baixaram para menos de R$ 60 milhões e a oferta de produtos já estava na casa de 250 itens. A Shoestock fechou no fim do ano as quatro lojas que possuía, sendo três na capital paulista e uma em Belo Horizonte. A venda da marca para a Netshoes foi concluída na semana passada.

Com a aquisição, a Netshoes começa a verticalizar a operação da Zattini – negócio de moda criado pelo grupo há um ano. A Zattini compete com a Dafiti, atualmente líder em venda on-line de moda feminina, com faturamento estimado em R$ 1,1 bilhão. A Dafiti também lançou marca própria em 2015, a Dafiti Collections, com a meta de melhorar a rentabilidade.

A Zattini é fruto de um aporte de R$ 35 milhões e foi inaugurada com 70 marcas e 12 mil itens, entre calçados, bolsas e acessórios. Kumruian disse que, no primeiro ano de operação, a loja virtual vendeu pouco mais de R$ 100 milhões, atingindo a meta para o período. O negócio oferece atualmente 40 mil itens, de 300 marcas, incluindo Santa Lolla, Jorge Alex e Colcci.

Para Kumruian, a Shoestock vai permitir à Zattini desenvolver coleções próprias e ter controle sobre a produção e seus custos. Neste momento, a empresa desenvolve uma nova linha de produtos, para ser lançada no segundo semestre. O executivo disse que chegou a avaliar a possibilidade de criar uma marca, mas considerou menos custoso relançar a Shoestock.

O Grupo Netshoes espera para 2016 uma expansão “agressiva” nas vendas da Zattini, com a Shoestock e o desenvolvimento do marketplace (modelo de vendas que reúne em um mesmo site ofertas de diferentes lojas). O executivo disse que o Grupo Netshoes como um todo fechou 2015 com crescimento acima de 15% em vendas – ou seja, acima da média do mercado de comércio eletrônico – e espera manter um ritmo acima do mercado este ano.

A Netshoes ainda não teve seus resultados de 2015 auditados para publicação. Em 2014, o grupo registrou receita de R$ 1,2 bilhão, com crescimento de 20,1% e prejuízo líquido de R$ 93,6 milhões, ante perdas de R$ 71,9 milhões em 2013. Kumruian disse que grupo encerrou 2015 com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) e geração de caixa.

(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM