Foram quatro dias de palestras, mais de 700 palestrantes, duas dezenas de visitas técnicas, muito conteúdo e ainda um imenso dever da equipe de O Negócio do Varejo: condensar e estruturar as grandes visões e novidades da NRF Big Show 2016. Mais que notas pontuais e uma visão desestruturada do evento, realizaremos ao longo dos próximos dias uma série de análises, artigos e avaliações do que aconteceu em Nova York e do que é realmente relevante para a realidade brasileira.
Um ponto importante de toda essa análise é acompanhar o que as delegações brasileiras trazem a partir do evento. Eduardo Terra e Alberto Serrentino, os diretores técnicos da delegação BTR VARESE, a mais expressiva desta NRF, trazem os 10 insights mais importantes da NRF 2016:
- Globalização: o varejo mundial aumenta sua presença no mercado brasileiro a cada ano. Em 2015, segundo a edição mais recente do relatório Global Powers of Retailing, da Deloitte, 33 dos 250 maiores varejistas mundiais têm atuação no Brasil. Há três anos, eram apenas 13. “Apesar da retração da economia, o Brasil continua sendo um mercado extremamente atraente, por sua população, estrutura e modernidade”, comenta Eduardo Terra.
- Millennials: a geração nascida a partir de 1980 provocará mudanças drásticas no varejo. Isso porque elas se relacionam de forma completamente diferente com marcas, produtos e serviços. Possuem valores às vezes opostos aos das gerações que os precederam e, principalmente, são conectados, impacientes e querem alta qualidade em tudo. Eles simplesmente não conhecem um aplicativo ruim, por exemplo. Assim, excelência na execução, simplicidade e boa experiência de consumo são requisitos básicos. O crescimento desse grupo, com sua maior relevância econômica, fará com que todo o mercado tenha que se adaptar. Quem não entrega uma boa experiência no mobile, ou nem mesmo tem presença no celular, está fora do jogo.
- Eficiência e produtividade: vale para o mercado americano, vale ainda mais para o Brasil em crise. Fazer mais com menos, rever operações, abandonar o que não for viável, não ter medo de cortar custos. “No caso do Brasil, é a hora de arrumar a casa para, quando o mercado voltar a crescer, poder aproveitar as oportunidades que surgirem”, afirma Alberto Serrentino.
- Internet das Coisas: o IoT vem saindo do campo da ficção e se tornando importante nas discussões estratégicas. A conectividade que as pessoas já têm é cada vez mais visível em equipamentos. A Expo da NRF apresentou uma série de soluções economicamente viáveis e com retorno sobre o investimento interessante para o uso da Internet das Coisas pelo varejo.
- No friction – atrito zero: as relações das empresas com os clientes devem ter o mínimo atrito possível. As empresas que têm se destacado são aquelas que oferecem experiências de relacionamento e consumo extremamente simples, práticas e rápidas. “Pense no Uber, na Amazon ou no app da Starbucks: não apenas funcionam sem problemas, como são intuitivos, simples e eliminam pontos delicados da relação comercial, como as filas para realizar pedidos”, explica Serrentino.
- Colaboração: esqueça a ideia de realizar tudo sozinho e guardar segredos para si. Cada vez mais, o mercado caminha para o desenvolvimento compartilhado de produtos, serviços e soluções. “As inovações surgem tão rapidamente que não é viável tentar acompanhar tudo sozinho. O custo seria proibitivo e o tempo de desenvolvimento seria tão grande que a inovação já nasceria morta”, comenta Terra. Não à toa, os labs desenvolvidos por varejistas americanos conseguem reduzir o time-to-market das inovações para alguns meses, por meio de parcerias entre desenvolvedores e empresas.
- Mundo digital: não existe mais fronteira entre online e off-line. Estamos no tempo do “all line”, em que os meios confluem e onde a experiência começará no digital para ser levada para as lojas. Os consumidores vivenciam experiências e se relacionam com marcas pelo celular, que deve então ser o início do processo de desenvolvimento de relacionamentos com o cliente. “Quem não tem presença digital não consegue nem chegar ao consumidor. E estamos somente no início dessa transformação dos negócios”, afirma Serrentino.
- Repensar a loja física: a consequência do fim das fronteiras é que a loja física não é mais aquela. A loja precisa integrar o digital, se relacionar com ele, e reverter para o online boa parte das tarefas hoje sob responsabilidade do PDV. “Não serão necessárias tantas lojas físicas, nem tão grandes, se o sortimento pode ser disponibilizado online e entregue rapidamente aos clientes de diversas maneiras. O papel da loja mudará completamente”, explica Serrentino
- Big data: as empresas têm implementado sistemas de armazenamento e cruzamento de informações, mas o grande desafio continua sendo ter quem interprete essa montanha de dados e consiga prover insights relevantes para o negócio. É um caminho sem volta e as empresas líderes no varejo americano estão aumentando o uso de inteligência a partir dos dados. Isso criará a demanda por novos profissionais, com habilidades hoje pouco vistas no varejo.
- Propósito e cultura: esses 9 itens não funcionam, porém, se as empresas não tiverem propósito muito bem definido e uma cultura corporativa que diga qual é a personalidade de cada empresa e, também, o que ela não é. “Não é possível ser tudo para todos e vencem aqueles que conseguem ser extremamente relevantes para o público que definirem como sendo o seu”, acredita Serrentino.
(Por O Negócio do Varejo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM