O setor brasileiro de franquias faturou, em 2014, R$ 127,3 bilhões, um aumento de 7,7% em comparação a 2013.
O presidente da Associação Brasileira de Franchising do Rio de Janeiro (ABF-RJ), Beto Filho, explica que, no período 2003-2014, houve o surgimento de muitas marcas, abertura de ramos de atividade, relações novas de investidores de fundos de investimento, entrada no mercado de franqueadores profissionais e de jovens de universidades. “A franquia se sustentou em todas essas vertentes”.
Beto Filho acredita que, apesar de o ano de 2015 estar sinalizando para um baixo crescimento econômico, a expectativa é que a receita do setor crescerá entre 6,5% e 8%, em contraposição aos números negativos previstos por vários outros setores econômicos, como o automotivo, cuja expectativa é queda de 10% na produção de veículos em 2015, diante da contração do mercado nacional.
“Com essa perspectiva, a gente está mostrando, como ocorreu com os 7,7% do ano passado, que o franchising tem a sustentação de ser um bom exemplo para o país em termos de organização, gestão, governança, de leitura de cenário permanente, que o torna o último setor a entrar em crise e o primeiro a sair, pelas características profissionais que a franquia mantém”, analisou o presidente da ABF-RJ.
Acompanhando a evolução do faturamento, a expectativa é que as franquias continuem sendo um bom empregador no país, principalmente na área de serviços. Números da ABF indicam que o setor gera cerca de 1,2 milhão de empregos diretos. “Ele representa também o crescimento de renda”, disse Beto Filho. “A franquia é uma garantia do capital no meio produtivo, com risco menor”.
A microfranquia, denominação para empresas com investimento de até R$ 80 mil, continua tendo muita procura. “Atinge no Brasil o grande público, que é a nova classe C”. Beto Filho esclareceu que as regras, porém, são iguais para todas as franquias e que muitas microfranquias, dependendo do segmento de negócio, têm capacidade de faturamento até maior do que franquias de grande porte. Na avaliação do presidente, a tendência é de continuidade da microfranquia, porque as classes C e a D apresentam um “sangue empreendedor mais forte”.
No interior do país, o presidente da ABF-RJ informou que as franquias estão fazendo uma verdadeira “revolução no varejo”. Isso ocorre em especial em cidades com menor população e comércio mais antigo, onde a chegada de franquias modernas obriga a reformulação de todo o varejo. A ABF projeta para 2015 crescimento de 8% para o número de marcas em operação no Brasil (eram 2.942 redes no ano passado) e aumento entre 9% e 10% no total de unidades franqueadas, que atingiram 125.378, em 2014.
O estado do Rio de Janeiro tem participação de 12,6% no mercado nacional. Este ano, com a preparação para as Olimpíadas de 2016 e eventos internacionais, como o Rock In Rio, a estimativa é que o faturamento do franchising fluminense vai ficar em torno de 8,5% a 9%. “Toda essa movimentação vem impactando de forma positiva desde o ano passado”.
Em 2015, a Lei de Franquia Empresarial número 8.955/94, conhecida como Lei do Franchising, completa duas décadas. “É uma lei que deu certo porque é equilibrada”, avaliou Beto Filho. “Em uma relação empresarial tradicional, o normal seria o lado mais forte ter mais regalias de lei. Isso não ocorre com a Lei do Franchising. Nesse ponto, a gente está comemorando o sucesso”. Na linha geral da lei, o presidente assegurou que não é preciso mudar nada, porque o que dá certo na visão jurídica e na visão da relação comercial entre duas partes “vem com um peso positivo gigantesco”.
(Por Exame) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM