A Kraft Foods anunciou nesta quarta-feira que concluiu um acordo de fusão com a H.J. Heinz, controlada pela empresa de private equity brasileira 3G Capital, do brasileiro Jorge Paulo Lemann, e pela Berkshire Hathaway, do investidor Warren Buffett, para formar a quinta maior companhia de alimentos e bebidas do mundo e a terceira maior da América do Norte.
De acordo com o “Wall Street Journal”, a 3G Capital deve adquirir a Kraft por US$ 40 bilhões. O valor é estimado em função do valor de mercado da Kraft, que gira em torno de US$ 36 milhões. Lemann é o 26º mais rico do mundo no ranking da revista “Forbes” e o primeiro do Brasil.
Os acionistas da Kraft deterão 49% da nova empresa e os da Heinz terão os 51% restantes. A fusão das duas empresas, que será chamada de The Kraft Heinz Co., será comandada pelo brasileiro Bernardo Hees, CEO da Heinz, de acordo com o “CNN Money”.
A nova companhia terá receita de US$ 28 bilhões e uma carteira que inclui marcas como Heinz, Kraft, Oscar Mayer, Ore-Ida e Philadelphia. A economia anual de custos desta combinação poderia chegar a US$ 1,5 bilhão até o fim de 2017, afirmaram as empresas. A empresa terá oito marcas com um volume de negócios de mais de US$ 1 bilhão e cinco empresas com faturamento anual de entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhões.
A atual Kraft nasceu de uma grande cisão corporativa, em 2012, quando a Kraft Food Group foi desmembrada em uma homônima, de porte menor e restrita aos Estados Unidos, e a Mondelez International, com alcance global. A Mondelez detém marcas como Lacta, Trident, Traquinas, Amandita e Oreo.
Já a Heinz oferece ketchup, mostarda e maionese Heinz, papinha de criança, extrato de tomate e molho especial no Brasil. Nos EUA, há também as batatas Ore-Ida, os molhos Lea & Perrins, os salgadinhos Bagel Bites, Nurture leite em pó para bebês, os congelados Weight Watchers Smart Ones e frutas e sucos da Golden Circle.
COCA-COLA ESTAVA NA MIRA
O acordo vem em um momento em as grandes empresas de alimentos dos EUA enfrentam uma mudança nos gostos dos consumidores, com os mais jovens preferindo ingredientes naturais e orgânicos, o que tem dificultado a venda de alimentos processados e embalados.
Sob os termos do acordo, a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e a 3G Capital vão fornecer US$ 10 bilhões para financiar o dividendo especial.
“Este é o meu tipo de transação, que une duas organizações de classe mundial, e entrega valor para o acionista”, disse Buffett em comunicado. “Estou animado com as oportunidades que esta nova organização combinada vai atingir.”
Já há alguns anos o fundo 3G Capital realiza uma política agressiva de aquisições no setor de alimentos. O último grande negócio do grupo foi a compra, no ano passado da canadense Tim Hortons, uma cadeia de café que atua principalmente no Canadá e nos EUA, por US$ 11,5 bilhões.
Entre os negócios do 3G e de seus principais acionistas estão também as redes de restaurantes Burger King e a cervejaria Ambev. Em 2012, o grupo já havia adquirido a Heinz por US$ 23 bilhões. A expectativa do mercado nas últimas semanas era de que um novo nome fosse anunciado, e empresas como a Kellogg, PepsiCo e Coca-Cola foram especuladas.
Em carta anual enviada aos investidores da Berskhire Hathaway, Buffett chegou a mencionar que esperava novos negócios com o fundo de investimento. “Há dois anos, meu amigo Jorge Paulo Lemann convidou a Berkshire para acompanhar seu grupo 3G Capital na aquisição da Heinz. Minha reposta afirmativa foi imediata. Eu sabia que essa parceria daria certo dos pontos de vista pessoal e financeiro.”
Os acionistas da Kraft receberão ações da companhia combinada e um dividendo especial de US$ 16,50 por ação, que será financiado pela Berkshire e pela 3G Capital.
(Por O Globo) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM