Com inflação mais alta, crédito restrito, juros maiores e piora do mercado de trabalho, o consumo da classe C perdeu fôlego e tende a declinar ainda mais nos próximos meses, segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e do Data Popular levantados pela Folha de S. Paulo.Quase metade (49%) dos consumidores dessa faixa afirmam que não conseguem comprar hoje o que adquiriam há seis meses.

Tal sentimento surge em meio à inflação mais elevada: 73% das pessoas ouvidas dizem crer que os preços vão aumentar nos seis meses a seguir. Ao mesmo tempo, há um otimismo quanto ao rendimento. Para 53%, a renda da classe C vai subir.

A nova realidade é refletida também no consumo, com quedas recentes desde as recargas de celulares até as compras de carros populares. Além disso, o mercado de higiene e beleza começou a desacelerar. Dados da Nielsen mostram que as vendas do setor nos supermercados cresceram 4,8% no segundo trimestre deste ano, abaixo dos 6,4% do primeiro trimestre.

Renato Meirelles, presidente do Data Popular, afirma que a inflação, centrada em alimentos, corroeu a renda disponível das famílias para outros gastos, e a percepção é que essa situação irá perdurar.”Sem dúvida, o consumo da classe C já não está no ritmo de outros anos e a perspectiva é que mantenha esse ritmo mais fraco”, afirma.

(Por Supermercado Modernovarejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM