Resultados ruins de varejistas regionais adquiridas pelo grupo chileno Cencosud no País têm afetado os números da operação local. A empresa relata falta de mercadorias em lojas no segundo trimestre e fala em “melhorar a disponibilidade de produtos” em algumas redes. Executivos foram trocados e algumas medidas têm sido tomadas nos últimos meses, informa a empresa, para tentar reverter os números.

As vendas líquidas da companhia no Brasil, com 222 lojas (entre supermercados e hipermercados) registraram queda de 0,7% de abril a junho, para R$ 2,15 bilhões, com as vendas “mesmas lojas” (pontos em operação há mais de 12 meses) caindo 3,7% de abril a junho (em moeda local), segundo balanço de resultados do segundo trimestre publicado na sexta-feira. É o pior resultado entre as maiores varejistas do país – Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart – que cresceram entre 7% e 10% no período

Foi apurada queda nas vendas “mesmas lojas” de 3,8% na rede sergipana G.Barbosa; retração de 1,9% no Bretas, de Minas Gerais; e queda de 6% na rede Prezunic, do Rio de Janeiro. O resultado foi parcialmente compensado por um crescimento de 3,5% na rede baiana Perini. Todas as bandeiras foram adquiridas pela empresa nos últimos sete anos, num processo de crescimento no País por meio de aquisições de redes que, quando foram compradas, já estariam com resultados abaixo da média do setor, segundo fontes do mercado.

De acordo com o grupo, a “margem bruta [no País] foi afetada pelos efeitos negativos da Copa do Mundo, como resultado de um incremento na venda de produtos de baixa rentabilidade, como cerveja, carne e eletrônicos”, informa no balanço. A margem bruta no Brasil caiu de 22,4% de abril a junho de 2013 para 19,2% no mesmo período deste ano. “Adicionalmente, na rede Prezunic houve alta [na margem bruta] após implementação do sistema [de gestão] SAP”. A companhia não informa se opera com lucro ou prejuízo no Brasil.

Os números no mercado brasileiro estão relacionados, em parte, com um pior resultado da rede Prezunic, reflexo de uma “menor disponibilidade de produtos nas lojas”, informa a companhia, sem detalhar razões da falta de mercadorias. Dificuldades de abastecimento foram “parcialmente compensadas por desempenho melhor na rede G.Barbosa”, informou. Além disso, uma provisão em despesas com administração e vendas afetou os resultados no país.

A Cencosud detalhou, no material de resultados, a situação de suas principais cadeias no Brasil. Na rede Bretas, o grupo diz que “reformulou a sua política promocional” e está tentando concentrar vendas em itens de maior margem. Ainda demitiu o diretor operacional da rede e nomeou outros dois executivos para a área. Entre ações consideradas básicas numa operação de varejo, informa que precisa melhorar a disponibilidade de produtos nas lojas.

Sobre Prezunic, o foco está na “recuperação das vendas ‘mesmas lojas'”. Foram nomeados novos gerentes de cadeia de suprimentos e de categoria. “A rede Prezunic precisa manter pessoas sendo treinadas no [sistema de gestão] SAP, para reduzir as lacunas operacionais e extrair sinergias adicionais”.

Com lojas no Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Argentina, a rede informou que suas vendas globais cresceram 5,4%, para 2,58 trilhões de pesos, ou US$ 4,42 bilhões. No segundo trimestre, o lucro líquido subiu 196% (para 25 bilhões de pesos, ou US$ 41,9 milhões), em parte como reflexo de um menor pagamento de imposto. A Cencosud é dona da rede de supermercados Jumbo, lojas de departamento Paris e de shopping centers.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM