O momento econômico não é muito estimulador e o varejo tem sentido os efeitos. Após altas expetativas criadas com a Copa do Mundo não se concretizarem, muitas empresas têm revisto planos para o segundo semestre. Marcelo Silva, CEO da Magazine Luiza, afirma que a expectativa de crescimento para a empresa é positiva, no entanto, e que não há uma “ressaca da Copa”. “Nós devemos alcançar dois dígitos de crescimento nas lojas físicas no segundo semestre”, afirma. Após um crescimento de 25% em vendas no primeiro semestre, impulsionado sobretudo pela venda de televisores, o executivo afirma que o consumo agora voltará ao normal, assim como o mix de produtos oferecidos nas lojas. “Agora esperamos aqueles consumidores que querem trocar a geladeira, celular e mesmo quem não comprou o televisor. A TV de tela fina ainda é o grande objeto de consumo da classe C”, afirma Silva. O executivo diz que o baixo desempenho da linha branca – que atingiu no comércio brasileiro o menor patamar em 10 anos – já era esperado pela empresa, que se preparou para vender menos geladeiras, fogões e móveis. “A classe C quando vai comprar um produto, vê sempre as parcelas que cabem no bolso. Vocês acham que antes da Copa eles iam optar por qual? TV ou geladeira?”.
Silva endossa o discurso que Luiza Trajano tem adotado em entrevistas recentes e não vê com grande pessimismo o varejo brasileiro. Para ele, os dois fatores que poderiam alterar o consumo, como a inflação muito acima da meta e o desemprego, ainda estão sob controle. “Há uma certa cautela no mercado, mas não conheço nenhum movimento de redução de emprego no varejo”. Com relação à restrição de crédito, ele afirma que é uma política coerente para o momento. “Nós até gostaríamos de dar mais crédito, mas a questão é evitar a inadimplência lá na frente”.
Para o próximo ano, o Magazine Luiza ainda não “fechou o orçamento”, mas Silva afirma que o foco continuará sendo no crescimento orgânico das redes. “Mais de um terço do nosso total de lojas foi adquirido com a compra da Redes Maia e Baú. Essas 250 novas lojas ainda estão em processo de maturação e consolidação”. Ele não nega futura aquisições, no entanto. “É uma questão de oportunidade”.
Entre os desafios, o executivo afirma que a empresa tem investido muito no e-commerce, mas que melhorar a comunicação com o colaborador ainda é o principal foco. “A gente tem que deixá-los motivados, felizes e comprometidos com a organização. Porque são eles, lá na ponta, que atendem nossos clientes”.
(Por Varejista) varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo, retail lab, ESPM