A crise varejista no Brasil parece que ainda não atingiu os shoppings centers. Após o setor ter registrado crescimento de 4,3% em 2013, o menor nos últimos dez anos, o primeiro trimestre de empresas como Multiplan, Iguatemi e BrMalls mostra que os lojistas dos centros de compras tiveram bons resultados, mesmo sem a ajuda da Páscoa, que neste ano foi comemorada no mês de abril.
A empresa que mais agradou aos analistas foi a Multiplan. Com crescimento de 16,8% no seu lucro líquido, a R$ 82,3 milhões, e de 15,1% na sua receita líquida, a R$ 257,2 milhões, mostrou que as estratégias colocadas em 2013, como a entrega do Parque Shopping Maceió e a consolidação de outros três estabelecimentos inaugurados no quarto trimestre de 2012, já começaram a dar resultado em 2014. Suas vendas na mesma área (que levam em consideração apenas os shoppings que já funcionavam no primeiro trimestre de 2013) subiram 9,3%. “O varejo dos shoppings vai surpreender mais uma vez em 2014”, disse José Isaac Peres, presidente da Multiplan, em conferência com os analistas.
Já as vendas do Iguatemi, entre janeiro e março, tiveram aumento de 17,7%, contando as inaugurações e expansões de quatro estabelecimentos. Contando apenas as vendas mesma área, porém, o crescimento foi de 7,6%. “Mesmo com os ‘rolezinhos’, nossos shoppings mostraram estabilidade”, disse o CEO Carlos Jereissati Filho no relatório. Apesar dos bons números e da receita ter subido 28% no período, a R$ 131,2 milhões, o lucro líquido teve uma pequena alta de 1,7%, a R$ 48,1 milhões, causada pela queda de 284% nas despesas operacionais.
Ao contrário das concorrentes, a BrMalls viu seu lucro cair no primeiro trimestre. A queda foi de 9,5% em comparação ao registrado no mesmo período de 2013, a R$ 53,7 milhões. Em contrapartida, a receita aumentou 11,2%, para R$ 322,4 milhões. Além disso, as vendas na mesma área da empresa aumentaram 7,6%. E quando considerados os estabelecimentos inaugurados, o percentual sobe para 9,7%.
Alta alavancagem
Iguatemi e BrMalls tiveram outras coincidências no balanço. Buscando a expansão de seus estabelecimentos, ambas as empresas mostraram um aumento na alavancagem financeira. A primeira diminuiu a captação de empréstimos no primeiro trimestre de 2014, de R$ 285,1 milhões para R$ 11,4 milhões, o que contribuiu para a redução do seu caixa para R$ 122 milhões, ante R$ 278 milhões em 2013. Suas dívidas de curto prazo subiram de R$ 217,6 milhões para R$ 356,1 milhões de janeiro a março.
No caso da BrMalls, houve uma queda de 23,3% nas dívidas de curto prazo, a R$ 589,6 milhões. Ao contrário, as de longo prazo cresceram 10%, a R$ 4,9 bilhões. “A empresa ainda está alavancada e com pressões cambiais de efeito de caixa”, diz relatório da corretora Concórdia.
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