A operação da varejista chilena Cencosud volta a apresentar fracos resultados no país. Uma das empresas estrangeiras que mais investiu em aquisições no varejo brasileiro nos últimos seis anos – cerca de R$ 3 bilhões – passa por ajustes no Brasil, na tentativa de integrar negócios comprados.

A operação do Brasil apurou vendas líquidas de R$ 2,29 bilhões de outubro a dezembro de 2013, leve alta nominal de 0,4% sobre igual período de 2012 – ao se descontar a inflação, não há ganho real. No acumulado do ano, a receita líquida cresceu apenas 0,9%, para R$ 8,99 bilhões em 2013. Em peso chileno, recuou 4%.

O Brasil, que representava 31% das vendas do grupo em 2012 (em pesos), caiu para 26% do total em 2013, com 221 lojas. A empresa opera ainda no Chile, Argentina, Colômbia e Peru.

De outubro a dezembro, as vendas “mesmas lojas” no país (abertas há mais de 12 meses) caíram 3% e, no ano, a queda é de 0,5%. O tíquete diminuiu 9,6% no ano e recuou 12,7% no trimestre. Ao se descontar a inflação do período, a queda será maior. Para esses indicadores, a Cencosud teve o pior resultado entre as cinco maiores varejistas de alimentos do país.

Analistas entendem que a rede adquiriu negócios menos atraentes, que não haviam sido vendidos para grandes compradores como Grupo Pão de Açúcar e Carrefour. E comprou operações em Estados distantes entre si (a empresa tem redes no Nordeste, Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e a sede fica em São Paulo. A partir do escritório central – a sede deixou Salvador e desde 2013 está na capital paulista – medidas têm sido tomadas para tentar colocar os negócios num mesmo sistema de gestão (SAP) e integrar modelo de compras. Balanço publicado sexta-feira informa que mudanças na estrutura administrativa levaram a aumento nos gastos da operação no país.

“É uma política inédita de consolidação para a Cencosud. Eles não tem grande experiência em como fazer isso”, afirma um consultor de varejo. Um dos indicadores positivos reportados sobre Brasil foi o aumento da margem bruta, de 21,3% de outubro a dezembro de 2012 para 22,3% em 2013.

No momento, os números mostram que as redes Bretas e Prezunic, de Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente, têm resultados mais fracos em comparação às outras do grupo. “As vendas ‘mesmas lojas’ no Brasil foram positivas nas redes G.Barbosa e Perini. Redes Bretas e Prezunic mostraram um desempenho negativo”, informa o relatório de resultados.

Fontes próximas à rede no Brasil comentam que Horst Paulmann, o CEO do grupo, considerado fortemente centralizador, entende que o plano de crescimento na América do Sul fica comprometido se a operação brasileira não entrar nos eixos. O sonho de Paulmann seria transformar a Cencosud na maior varejista da América do Sul.

Em todos os países onde atua, o grupo apurou (em pesos) alta de 13% nas vendas líquidas anuais em 2013.

 

[Fonte: Valor] Varejo, Núcleo de Estudos do Varejo, Núcleo de Estudos e Negócios , Retail Lab