“A farra acabou”, diz o cartaz na mão de um manifestante imóvel na rua Augusta. Imóvel mesmo: as mãos que seguram o sinal de protesto pertencem a um manequim, paramentado com a máscara do personagem V e um boné que está à venda por R$ 119,90 na loja Na Contra Mão.

Nem bem os protestos de São Paulo alcançaram um de seus objetivos, a reversão do aumento em passagens do transporte público, e as marchas já viraram item de vitrine.

O cartaz da Na Contra Mão é tão original quanto as roupas de grife como a Vans. “Achei grudado na frente de um ônibus na segunda-feira”, explica Vitor Foglia, dono do lugar. Foglia, que está indo aos protestos, fechou a loja mais cedo nos dias de evento para conseguir marchar.

“Na segunda, voltei para a loja com uns amigos às dez e meia da noite. Ficamos aqui tomando cerveja e foi deles a ideia do cartaz.”

Os mesmos colegas trouxeram as máscaras e elas ficaram por lá mesmo. “Fizemos a vitrine do jeito que o povo gosta.”

Alguém protestou contra a ideia? “Hoje de manhã passaram duas mulheres passaram e fizeram piada: ‘Acabou a farra? Que nada!’, mas foi só isso.”

Enquanto isso, a loja Doe Doers, em Pinheiros, também cobriu o rosto dos manequins com a máscara usada por insurgidos de São Paulo e de Istambul. “Mas ficou uma tarde só, teve um cliente que disse que era de mau gosto e o dono achou melhor tirar”, conta o funcionário João Adelin. “Vai que se zangam e fazem um protesto contra isso também?”

(Por Folha de S.Paulo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo