>Plantão | Publicada em 16/12/2009 às 18h11m
Valor Online

SÃO PAULO – O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, afirmou ao Valor que o governo deveria se atentar às pequenas e médias empresas do varejo, que podem ser prejudicadas por fusões de grandes empresas do setor, a exemplo da recente associação entre o Grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia.

Segundo Burti, o governo precisa adotar medidas que assegurem competitividade ao pequeno varejo. ” As pequenas empresas precisam de um tratamento diferenciado. É preciso reduzir a carga tributária paga por elas e alterar a legislação trabalhista, já que o movimento de fusões entre grandes empresas é irreversível, uma realidade que nasceu com o desenvolvimento da economia e a rapidez das transformações ” , disse. ” O governo deve ficar atento para que, futuramente, não tenhamos monopólio ” .

Ele enfatizou que as micro e pequenas empresas (MPEs) empregam 70% da população brasileira. Daí a necessidade de dar condições para que sejam competitivas e de combater a informalidade entre elas.

A criação do Micro Empreendedor Individual (MEI) foi o primeiro passo nessa direção, tendo facilitado o ingresso de empreendedores na formalidade, enfatizou o presidente da ACSP.

A concentração de mercado é marcante no comércio eletrônico. De acordo com pesquisa da Serasa Experian divulgada no dia 8 de dezembro, a B2W, grupo formado por Americanas.com, Submarino e Shoptime, atualmente detém 48,44% de participação de mercado, ao passo que a Nova PontoCom, marca de comércio eletrônico que surge da associação entre o Grupo Pão de Açúcar e a Casas Bahia, conta com 22,25% de participação. O terceiro lugar no ranking do varejo online é ocupado pela Magazine Luiza, com 8,87% do share de visitas.

A ACSP vem trabalhando fortemente junto a pequenos varejistas para que eles invistam no comércio virtual, oferecendo orientação e organizando eventos. ” O e-commerce está explodindo ” , afirmou Burti, ao sublinhar que o governo deve trabalhar a favor de todos.

Na ocasião, o presidente da ACSP também falou de suas expectativas com relação ao próximo presidente da República, embora sem citar nenhum candidato especificamente. Burti disse que espera que o próximo governo discuta com cientistas políticos, grandes empresários, pequenos empresários e trabalhadores e faça a reforma política, em prol da redução da burocracia.

” A reforma política irá viabilizar outras reformas, como a tributária. Além disso, ela deve acelerar o desenvolvimento do país, principalmente com relação à infraestrutura, maximizando os ganhos que o país terá por sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo ” , explicou.

(Karin Sato | Valor)