As vendas nesta Páscoa foram cerca de 10% superiores às da do ano passado, com variações entre regiões e cidades do País. A partir desta semana o varejo começa a repor seus estoques de caixas de bombons com vistas ao Dia das Mães – outra data de grande procura pelo produto -, bem como a aumentar sua oferta de roupas e outros itens típicos da ocasião. Este último feriado, favorável às vendas, animou os empresários para a próxima grande data do comércio brasileiro.

Edvagner Sgavioli é gerente de uma unidade da Cooperativa de Consumo (Coop), rede de supermercados que é a 13ª maior do País. “As vendas desta Páscoa foram melhores que as de 2011, certamente”, contou ele na tarde de domingo. “Comercializamos entre 8 e 10% mais ovos de chocolate do que no ano passado. Na sexta-feira e no sábado o movimento foi ótimo; neste domingo caiu um pouco, mas no período como um todo tivemos uma Páscoa de grandes negócios”.

A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) divulgou ontem seu balanço das vendas de Páscoa, o qual acusou incremento de 9% nas vendas dos estabelecimentos gaúchos sobre 2011. Tal performance superou a expectativa inicial da entidade, que previa alta de 6% no para o período. Caixas de doces e ovos mais sofisticados foram os principais itens que trouxeram um resultado positivo ao setor no estado: “Confirmando o que prevíamos, a Páscoa deste ano foi dos adultos, que buscaram ovos de maior valor agregado – sobretudo os premium, especiais e trufados – e incrementaram sua cesta de compras com pescados, colombas pascais, vinhos e outros produtos”. Segundo o dirigente, 52% dos ovos de chocolate comercializados foram produtos para os adultos, contra 48% de ovos infantis, atingindo 9 milhões de unidades. A venda de caixas de bombons cresceu 15%, chegando a 5,7 milhões de unidades.

Agora Sgavioli, da Coop, começa a trabalhar para repor os estoques de seu estabelecimento (situado em Santo André, SP) visando as vendas do Dia das Mães, em maio: “Acredito que o Dia das Mães vai também surpreender neste ano, então começaremos logo a comprar para a ocasião”, diz ele. “Na data, os produtos que mais saem são doces, eletrônicos, celulares, perfumes e roupas em geral”.

 

Supermercados

Com uma previsão de incremento de 15% nas vendas de ovos de chocolate na comparação com a Páscoa de 2011, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) apostou mais neste ano em sua linha exclusiva de produtos, como as marcas com as personagens Peixonauta, Susi, Penélope Charmosa, StockCar e Red Nose – todos com foco no público infantil -, além das opções de sua marca própria, a Qualitá. A expectativa de vendas era a mesma para as barras de chocolate, um dos produtos inseridos na data temática. No setor de alimentação da rede, o foco estava no aumento das vendas do bacalhau. A rede, que é o maior importador do item no País, disponibilizou em suas gôndolas 15% a mais do pescado em relação a 2011. Azeites e vinhos não ficaram fora dos produtos com maior destaque de vendas no período e as lojas da bandeira Pão de Açúcar e Extra esperavam incremento de 12% a 15% nesses produtos, respectivamente.

Roberto Fulcherberguer, vice-presidente da Viavarejo, braço do grupo Pão de Açúcar para o setor de eletroeletrônicos que reúne as cadeias Ponto Frio e Casas Bahia, já avisou: “Temos um plano pronto para crescer dois dígitos no Dia das Mães”. Ele observa que o mercado está hoje mais competitivo que no mesmo período do ano passado e será necessário trabalhar mais para atingir as metas. Fulcherberguer complementa que o grupo não está enfatizando os prazos mais longos para atrair o comprador. No entanto, neste fim de semana o Ponto Frio fez uma promoção de 1 dia de venda parcelada em 18 vezes sem acréscimo no cartão.

Na área de shopping centers o otimismo também estava forte entre os varejistas. “A confiança do consumidor na economia nacional estimula o crescimento das vendas no varejo neste período, que certamente terá um desempenho expressivo em comparação ao ano passado, fazendo com que a Páscoa cumpra com a sua parte dentro do calendário promocional do setor varejista”, comentou o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, Nabil Sahyoun.

 

Pesquisa

De acordo com dados do Target Group Index, do Ibope Media, 69% dos habitantes de 10 grandes cidades do País consomem chocolate ao menos uma vez por semana. A liderança entre os “chocólatras” cabe aos brasilienses (73%). Os recifenses (71%) vêm em 2º lugar neste ranking, empatados com a população de São Paulo e de Salvador. O levantamento ouviu 20.736 pessoas nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília e em municípios do interior nas Regiões Sul e Sudeste. No total, as mulheres são responsáveis por 55% do consumo de chocolate e os homens, por 45%. Desses, 67% dos que têm filhos em casa consomem o produto.

Mas quem não tem crianças come mais chocolate (69%). Entre os solteiros, 75% consumiram o item nos últimos sete dias, frente a 64% dos casados. Por faixa etária, o estudo não mostra grandes diferenças nos percentuais entre os consumidores de chocolate dos últimos sete dias e a distribuição da população total. Maior relevância apenas para os jovens de 12 a 19 anos, que representam 17% da população total e 20% da população consumidora de chocolate. De acordo com Getúlio Ursulino Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o Brasil é hoje o quarto maior produtor mundial de chocolate, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Embora o consumo médio ainda seja considerado baixo pelas empresas do setor (2,3 quilos per capita anuais), a expansão deste mercado foi de 39% nos últimos cinco anos. Boa parte disso graças à ascensão da nova classe média, a festejada classe C.

(Por Gouvêa de Souza) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo