Tendências do Varejo: Crise e Disrupção
Por Ricardo Pastore[1] e João do Carmo[2]
O Núcleo de Varejo da ESPM promoveu no dia 07 de abril último, sob patrocínio da ESPM CONSULT, um debate sobre tendências do varejo. O objetivo foi estimular gestores e profissionais de diversas áreas a refletirem sobre o momento de crise que o mercado enfrente e ao mesmo tempo, de maneira paradoxal, a encontrar meios de promover inovações disruptivas para atender aos anseios dos novos consumidores, os chamados millennials.
O evento contou com a abertura do Prof. Dr. Alexandre Gracioso, Vice-Presidente Acadêmico da ESPM, o encerramento da Profa. Dra. Celia Marcondes Ferraz, Diretora Geral de Educacão Executiva e da ESPM CONSULT, com a mediação do Prof. Msc. Ricardo Pastore, Coordenador do Núcleo de Varejo | Retail Lab e a participação de três palestrantes convidados, Claudio Santos, Prof. da ESPM e Diretor da IBM, Rodrigo Vasconcellos, Prof. da ESPM e Diretor Comercial da Sodimac e Julio Takano, arquiteto e CEO da KT Retailing.
Durante sua abertura, o Prof. Alexandre destacou a incrível velocidade das mudanças vividas pelas organizações. Falou sobre a importância dos métodos de planejamento inspirados nas startups, pois os modelos tradicionais não mais atendem as necessidades das empresas, dada a necessidade de se entender o mercado e dar respostas inovadoras com extrema rapidez.
Na programação, temas apresentados no Retail Big Show 2016, promovido pela NRF – National Retail Federation em Nova York estiveram presentes. Entre eles, destacam-se o impacto que tecnologias desenvolvidas para a internet e “mobiles” devem provocar no varejo offline, a influência dos novos consumidores – os millennials que já representam importante parcela nas vendas do varejo em países da Europa e o poder crescente do consumidor em geral, cada vez melhor informado e com maior acesso a novas fontes de consumo.
A saída para o varejo passa pela disrupção ou a forma de se inovar radicalmente, conforme demonstrou a apresentação de Claudio Santos. Itens como explosão de dados, crescimento do número de canais, mídias sociais e modelo colaborativo em nuvem, levam a uma veloz disrupção e promovem ampla transformação. “Tecnologias disruptivas estão mudando o fundamento de como fazer, permanecer e sobreviver no negócio”, afirma Claudio Santos.
Sob o ponto de vista da gestão, tema abordado por Rodrigo Vasconcellos, “a oportunidade é criar um diferencial competitivo”. Nesse caminho, é muito interessante a redução dos custos unitários em relação à cadeia logística: tempo de entrega, integridade do produto, dados de cadastro do cliente corretos, caminho percorrido e assim por diante, afirma Rodrigo. “Isso porque em muitos casos o cliente não quer apenas preço, ele quer o produto na data correta”. O desenvolvimento de capacitações internas, difíceis de serem copiadas, promovem grande diferencial competitivo, essencial para encontrar um espaço seguro nesse momento de crise.
Finalmente, Julio Takano apresentou o caso Schirmann, de Ijuí (RS). A antiga loja de materiais de construção foi transformada em um Home Center conceitual, resultado de um projeto integrador de soluções. Lá os clientes encontram os produtos típicos de um home center, espaço para as crianças, auditório, sala para arquitetos, café, lounge, espaço para eventos, beleza e decoração. Tudo isso em uma cidade de aproximadamente 70 mil habitantes. O resultado é que a loja virou um centro de convivência e referência para a região.
Nos debates, os participantes puderam interagir com os palestrantes, fazendo diversas perguntas durante cerca de uma hora. Questões ligadas à tecnologia, gestão e design foram direcionadas aos palestrantes pela platéia. Uma delas levantou questão sobre se home centers estão prontos para um modelo de vizinhança. Rodrigo Vasconcellos respondeu que no Brasil ainda não há nada nesse sentido, pois temos o grande problema da logística. Nesse setor, logística é um ponto crucial e a terceirização é delicada, pois a imagem da sua empresa dependerá do terceiro. Além disso, o setor exige muito espaço para exposição de produtos, diferentemente dos supermercados.
Claudio Santos pode responder sobre o que chamou de Síndrome do Uber: ou como um competidor com um novo modelo inovador ameaça os negócios existentes. Essa síndrome poderia receber tantos outros nomes como Airbnb, Nubank, Zipcar e assim por diante. Julio Takano comentou, em resposta a um dos presentes, sobre a importância de se planejar a loja para consumidores com necessidades especiais e deu dados do importante mercado que representam. Complementou sobre como organizar internamente as soluções de compra para este público e também para consumidores de terceira idade que necessitam de produtos para evitar acidentes domésticos.
[1] Doutorando em Administração, Coordenador e Professor do Núcleo de Varejo da ESPM
[2] Mestrando em Administração, Assistente do Retail Lab da ESPM