“O Brasil é desafiador. Aqui nada é fácil, não é fácil abrir loja, fazer expansão, distribuir”, comentou Eneas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar, ontem para uma plateia de brasileiros e estrangeiros durante o World Retail Congress Latin America, em São Paulo

Esta é a primeira vez que este evento é realizado no Brasil – a franquia World Retail Congress ocorre todos os anos em um país da Europa (onde conta com a cobertura de Novarejo), e tem versões mais modestas para regiões como Ásia e África.

A intenção de Pestana era mostrar as dificuldades que enfrenta, a real face do varejo brasileiro para as empresas interessadas em atuar aqui, como a irlandesa Spar que se apresentou antes dele (“O Brasil não é para principiantes” diria Tom Jobim). A Spar possui mais de doze mil lojas, entre mercados e hipermercados, em 34 países e opera com sistema de parceria em muitos deles, como na China por exemplo – só na Rússia, ela tem 300 lojas. A Spar procura uma brechinha para entrar aqui. “A América Latina nos interessa muito”, compartilhou Gordon Campbell, CEO da Spar International, baseada em Amsterdam.

Pestana pode tê-lo desanimado um pouco. “O Brasil está na 130º. posição, dentre 189 países, no ranking de facilidade em se fazer negócios do The World Bank. Aqui leva-se, em média 108 dias para abrir uma empresa, é três vezes mais tempo do que na China ou Índia. Chegamos a esperar mais de 400 dias por uma licença para construir uma nova loja”, disse Pestana. E como o GPA faz para performar tão bem apesar de tantas barreiras? “Com capacidade de execução, disciplina e investimentos constantes”. A estratégia multiformato do GPA permite atuar localmente em diferentes regiões, com sortimento, modelo e pricing adequados a elas. “Atuamos em localidades em que um player menor é muito forte e precisamos ter flexibilidade para mexer em preços, capacidade de delegar decisões, não é uma tarefa simples pois interfere em sistemas que integram tudo isso. O Brasil é muito grande”.

Uma das perguntas da plateia queria saber se a empresa buscava sinergias entre fornecedores para atender demandas, já que muitos se sobrepõem dentro do grupo. Pestana: “Valorizamos todas as frentes nas quais são possíveis as sinergias, não as especulativas, mas as efetivas. Ser multicanal significa trabalhar multicanal, no sentido da dinâmica de ser e agir multicanal. Operamos sinergias que gerem valor para investir em preço e outros quesitos que o consumidor valoriza, pois não é só preço que faz ele entrar em nossa loja”, finalizou.

(Por NoVarejo – Escrito por  Ticiana Werneck) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo