Nos últimos dois anos e meio, a rede de cafeterias Fran’s Café cancelou o contrato com 22 franqueados, e após negociações, transferiu as lojas para outros investidores. Neste ano, foram cinco contratos renegociados. O número total equivale a 15% da base de lojas da empresa hoje, que somam 150 unidades. “Se o negócio não vai bem, ou se o fraqueado não consegue tempo para se dedicar, sentamos e conversamos. Não é bom para nós e nem para eles continuar assim”, disse José Henrique Ribeiro, sócio-diretor da rede.

Questionado sobre a percepção, feita por especialistas em franquias, de que certas lojas estariam com qualidade de serviço e de produtos abaixo da média, Ribeiro cita a troca de franqueados para justificar a sensação do mercado. Doze dos 22 acordos renegociados são lojas de São Paulo.

“Para nós, isso é fato isolado e a troca é sinal de acompanhamento de perto que fazemos da operação”, diz. Essa avaliação é crucial porque a rede de cafeterias tem atingido taxa de crescimento para a venda “mesmas lojas”, que são pontos mais antigos, em operação há mais de um ano, na faixa de 8%. Sem revisão de portfólio, lojas com desempenho mais fraco podem puxar o número para baixo.

Se a rede atingir a meta de R$ 120 milhões em faturamento bruto em 2013 (soma das vendas das lojas franqueadas), a alta será de 13% sobre 2012. O que puxa esse resultado são as inaugurações, que devem girar em torno de 20 unidades em 2013. Negociações com concorrentes para expansão por meio de compra de redes de cafeterias estão descartadas. “Há cerca de um mês e meio, nos ofereceram duas redes, uma pequena e outra média, mas não chegamos a conversar. Existem muitos negócios que não estão saudáveis”.

É por isso que as cafeterias estrangeiras que analisam o mercado local, não pensam em aquisições, mas em abrir pontos próprios. A italiana Lavazza planejava em março ter 30 lojas no Brasil, em cinco anos, por meio de franquias. A inglesa Caffè Nero chegou a sondar grupos do setor no país para entender o mercado, mas não pensa em abrir lojas no país hoje por causa do alto custo Brasil .

De acordo com Ribeiro, a Fran’s aumentou os preços dos cardápios em julho em 5%. Ele não pretende fazer outros reajustes neste ano. A companhia tem feito ajustes na operação e isso inclui a oferta de um cardápio com menos itens à venda, o que ajuda a reduzir estoque e evitar perdas. Essas mudanças têm sido feitas nos últimos anos e agora – numa fase de maior pressão inflacionária afetando nível de despesas – ajudam a contornar a necessidade de subir novamente os preços. (AM)

(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo