>Pedidos entregues no dia certo e na quantidade correta são uma das chaves para evitar a falta de produto nas gôndolas. Veja como escolher bem um fornecedor para manter as prateleiras sempre em dia
A indisponibilidade do produto na gôndola é um problema que afeta varejistas de quaisquer portes. Essa falha, definida como ruptura, chega a acontecer em 8% do mercado varejista, segundo pesquisa da Nielsen*. “O ideal é que as rupturas não passem de 1%, ou seja, a cada 100 produtos, pode faltar apenas um na loja. Mas, no Brasil, essa taxa é superior a 5%, e em alguns casos ultrapassa a média de 15%”, lamenta o professor Roberto Nascimento Azevedo, do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM.
Ainda de acordo com o levantamento da Nielsen, um dos principais motivos das rupturas é o atraso na entrega do Centro de Distribuição (CD) à loja, que aconteceu em 27,5% dos casos. E, de fato, segundo especialistas do setor, a falta de comprometimento e compromisso dos fornecedores/distribuidores é uma das principais causas da ausência de itens nas gôndolas. Nota-se, ainda, que, no caso do pequeno e médio varejo, poder contar com essas empresas torna-se ainda mais importante, já que o capital de giro não deve ser completamente empregado em estoques. “Para que os estoques sejam otimizados, o cumprimento da integridade dos pedidos é um fator crítico de sucesso, imprescindível no atendimento das necessidades do ponto de venda e, consequentemente, na minimização dos casos de ruptura”, explica o diretor do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent) e da Esfera Gestão Empresarial, Adriano Amui. “Poder confiar na entrega do fornecedor viabiliza, ainda, uma variedade maior do mix de produtos, o que leva o consumidor final a encontrar o que deseja, gerando maior rentabilidade ao negócio”, complementa o gerente de vendas do canal farma do DEC Zamboni, Jorge Luiz Cerqueira Lopes.
Para produtos da categoria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPC), a integridade dos pedidos mostra-se ainda mais importante, segundo o gerente comercial do DEC Pennacchi, Vandré Marcos Godoy Pennacchi. “No caso da perfumaria, em que o valor agregado é maior, os clientes dificilmente têm estoques altos. Portanto, poder contar com a distribuidora é fundamental”, afirma.
Quando a falta de produtos nas gôndolas é constante, os resultados dos negócios podem ser bastante prejudicados, pois essa falha reflete, diretamente, na percepção do consumidor sobre o estabelecimento. O levantamento da Nielsen comprova, justamente, esse fenômeno. “Diante da indisponibilidade do item procurado, 37% dos shoppers mudam de loja quando não encontram suas marcas preferidas. Em categorias de higiene e beleza, esta taxa aumenta para 51%”, alerta o gerente de atendimento da Nielsen Brasil, Olegário Araújo.
Portanto, para evitar perda de consumidores por conta de ruptura, escolher um bom fornecedor/distribuidor é fundamental. Entregar os pedidos integralmente e num prazo rápido e preciso, mesmo em áreas mais distantes, apesar de ser uma obrigação para qualquer fornecedor, é um serviço que nem sempre é prestado com excelência por todas as empresas do setor. Portanto, os cuidados devem começar por aí. “O varejista precisa ter a certeza de que determinado fornecedor entrega exatamente aquilo que foi comprado, nem mais nem menos, e num prazo que não leve o consumidor a mudar de loja por não encontrar ali produtos que fazem parte da sua intenção de compra”, alerta o gerente de vendas do DEC Andrade, Jean Lima.
De acordo com o levantamento da Nielsen, um dos principais motivos das rupturas é o atraso na entrega do Centro de Distribuição à loja
O diretor da Sant’Anna Inamoto, consultoria de trade marketing, Rubens Sant’Anna, cita outros pontos importantes para a escolha correta do fornecedor. “Devem-se avaliar a qualidade e o conhecimento da equipe comercial do fornecedor em relação ao portfólio comercializado; a capacidade de auxiliar o varejo nas atividades de sell out (promoções, descontos, ações comemorativas); a diversidade e/ou qualidade da linha de produtos; a capacidade de acompanhar os desejos do shopper e aprimorar a linha de produtos; o investimento constante em comunicação (mídia) e promoção (PDV); entre outros”, enumera o especialista. “O varejista também deve ficar atento ao desempenho dos vendedores. Esses profissionais precisam atuar como consultores, apresentando soluções que contribuam para o negócio dele”, acrescenta o consultor de produção do Sebrae-SP Julio Alencar.
No caso de fornecedores/distribuidoras de HPC, o varejista deve estar atento, ainda, a outros benefícios. “A empresa parceira precisa sempre trazer novidades e lançamentos, bem como produtos que agreguem valor ao negócio, já que esta categoria demanda muito isso”, considera Pennacchi.
*FONTE: RUPTURA: CAUSAS E IMPACTOS NA CADEIA DE ABASTECIMENTO E NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR. MERCADO AVALIADO: GRANDE SÃO PAULO E GRANDE RIO. NIELSEN/ SETEMBRO DE 2004.
Por Kathlen Ramos – Revista Dec News