O ambiente competitivo e macroeconômico para o varejo de vestuário ainda está “muito desafiador” no segundo semestre, disse o diretor financeiro da Renner, Adalberto Santos. Segundo o executivo, as promoções estão mais agressivas do que no ano passado, o que pressiona as margens das varejistas.

Segunda maior rede de moda do país, a Renner registrou queda de 5,3% no lucro líquido no segundo trimestre, para R$ 98 milhões. O resultado ficou um pouco abaixo da média de estimativas dos analistas ouvidos pelo Valor, que indicava uma retração de 1,5% no ganho final da companhia

A receita líquida, na comparação anual, avançou 11%, para R$ 1 bilhão. Nas lojas abertas há mais de um ano (“mesmas lojas”), as vendas subiram 3,7%, em linha com as previsões.

Segundo Santos, a Renner enfrentou, no segundo trimestre, uma conjuntura macroeconômica mais difícil do que era esperado. As vendas vinham boas até o fim de abril, disse o executivo, mas essa tendência se inverteu nos dois meses seguintes. “Juros mais altos, dólar valorizado, inflação. Mas o que mais impactou as vendas, na nossa visão, foi a queda na confiança do consumidor”, afirmou Santos.

Ele disse que as vendas da Renner no Nordeste e Centro-Oeste tiveram boa performance, enquanto o Sul e o Sudeste sentiram mais o impacto negativo das temperaturas amenas em junho, que prejudicaram o desempenho das coleções de inverno.

Em julho e agosto, acrescentou o executivo, as vendas melhoraram no Sul e Sudeste, acompanhando a queda nas temperaturas nessas regiões. Ele lembra, no entanto, que base de comparação do terceiro trimestre em “mesmas lojas” é bastante elevada. De julho a setembro do ano passado, o indicador cresceu mais de 12,6%.

Antes dos juros e dos impostos, o lucro da Renner aumentou 1,9%, para R$ 157,42 milhões. Custos e despesas operacionais avançaram 13% e 12,5%, respectivamente, em ritmo um pouco acima do avanço das vendas da varejista.

O ganho final da empresa foi ainda prejudicado por uma despesa financeira líquida de R$ 19,42 milhões, três vezes maior que a verificada um ano antes.

Para Santos, o ambiente adverso para o setor pode representar uma oportunidade para as empresas que elevaram a eficiência na época das “vacas gordas” ganharem mais participação de mercado.

De acordo com executivo, o plano de abertura de até 48 novas unidades em 2013 permanece inalterado. Dessas, entre 27 e 30 lojas serão da bandeira Renner, 6 a 8 da Camicado (de utensílios para o lar) e 10 da Youcom (de moda jovem).

Segundo Santos, uma operação de hedge da Renner travou o dólar a R$ 2,10 até o fim do ano. Se o câmbio se mantiver valorizado em 2014, os maiores custos devem ser absorvidos ao longo da cadeia produtiva. “De imediato, não há impacto para o consumidor”, disse.

O resultado das operações de serviços financeiros da companhia aumentou 27,6%, para R$ 41,1 milhões no segundo trimestre.

Na terça-feira, a companhia conclui uma captação de R$ 400 milhões em debêntures, com remuneração de CDI mais 0,85% ao ano. “Foi uma boa taxa, aproveitamos uma janela. Possivelmente, esta foi a última emissão com essas condições este ano”.

(Por Valor Econômico) varejo, núcleo de estudo do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo