>As compras de Natal serão a prazos mais curtos neste ano, especialmente nos segmentos de eletroeletrônicos, linha branca e bens de informática. O Grupo Pão de Açúcar anunciou mudanças na política de crédito para as bandeiras Extra e Ponto Frio, alterações que já respingam na Casas Bahia, operação que ficou subordinada à Nova Globex. Em 2009, o consumidor encontrava planos de até 24 meses na agressiva Casas Bahia. Agora, as vendas de fim de ano no setor serão limitadas a no máximo 19 prestações.
O Carrefour, que durante seu aniversário, em setembro, chegou a parcelar suas vendas em até 30 vezes no cartão próprio, desistiu de levar a promoção até o fim do ano e retomou a política de 15 vezes.
A redução dos prazos pelas grandes redes de varejo traz implícita a percepção de aumento do risco para 2011, observa o coordenador-geral do Programa de Administração do Varejo (Provar), Claudio Felisoni, da Fundação Instituto de Administração (FIA). De acordo com ele, no entanto, não há sinais de aumentos preocupantes da inadimplência.
Com as vendas aquecidas e os ganhos reais de renda do brasileiro, os prazos não tão extensos se ajustaram bem ao orçamento do consumidor, ao mesmo tempo em que evitam que ele acumule prestações, acrescenta o vice-presidente da Eletroshopping, Fernado Freitas. Segundo o executivo, não há, no momento, pressão da concorrência para modificar o esquema de financiamento da rede, limitado a 12 vezes no cartão, depois de ter oferecido, em promoções ao longo do ano, parcelamento em até 17 vezes.
O Extra Eletro, que vinha trabalhando com financiamento de até 15 meses, reduziu o prazo para 12, enquanto o Ponto Frio, que chegou a fazer promoções de até 18 prestações, agora anuncia parcelamento em até 15. Na Casas Bahia, que passou a dar ênfase ao desconto nas compras à vista, a oferta “sem juros” é válida para até 10 parcelas, com custo de 0,99% ao mês nas compras em até 12 vezes no carnê. Prazo maior só foi encontrado na Ricardo Eletro, que no cartão próprio financia seus clientes em até 19 prestações.
Segundo o vice-presidente de relações corporativas do Pão de Açúcar, Hugo Bethlem, mais da metade das vendas da Casas Bahia e da Globex é feita em até 10 parcelas, com o prazo médio de cinco prestações. Essa estrutura, tal como estava, iria custar em 2011 cerca de R$ 600 milhões em despesas financeiras. Com o prazo reduzido em dois meses, o custo cai para R$ 480 milhões.
Valor Econômica – 23/11/2010