O setor de lojas de conveniência no país ainda está engatinhando e tem muito a crescer. Está presente em apenas 17,4% dos postos de combustíveis no país. A entrada da classe C como consumidora nesse segmento do varejo vai ajudar a impulsionar ainda mais o mercado, que movimentou em 2012 R$ 4,9 bilhões.

Pesquisa divulgada ontem pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) identificou que, com o aumento da renda disponível para compra de automóveis, a nova classe média passou a ir mais aos postos para abastecer e, consequentemente, isso mudou a relação com as lojas de conveniência.

“Temos cinco milhões de novos consumidores ao ano que migram da classe D para a classe C. Essa população descobriu as lojas de conveniência e mudou até mesmo os hábitos de consumo. O mercado de Food Service, por exemplo, representa hoje 20% do faturamento das lojas. Há um público que procura esse produto e as lojas estão se preparando para melhorar a oferta desses serviços”, diz Cesar Guimarães, diretor de Mercado do Sindicom.

Segundo ele, os preços dos alimentos nas lojas de conveniência seguem a média das redes de fast-food ou lanchonetes. Mas isso não quer dizer que as grandes marcas do setor estejam promovendo uma “corrida” por espaço nas lojas de conveniência.

“Já temos algumas redes atuando dentro das lojas, caso das marcas Bob’s e Casa do Pão de Queijo. Mas as lojas de conveniência estão cada vez mais trabalhando um serviço ‘marca própria’, e criando um cardápio pessoal, desenvolvendo suas próprias ofertas também”, afirma Guimarães.

O fato de o Brasil ainda estar na ‘lanterninha’ no que diz respeito ao percentual de lojas de conveniência em postos tem motivos. Ainda há uma distância bastante grande de países como o Chile, onde 33% dos postos têm uma loja ou da Venezuela, com 40%, e Argentina, com 50% dos postos com oferta de conveniência. Na comparação com o mercado americano a distância é ainda maior. Os Estados Unidos são campeões, com 94% dos postos com lojas.

“O fato de muitos donos de postos não instalarem lojas tem alguns motivos: um deles é a dificuldade em administrar grandes volumes, já que uma loja dessas tem pelo menos 500 itens. O outro é a questão do combustível. Quando o mercado ficar mais competitivo, teremos mais lojas. Mas a receita de lojas de conveniência tem se tornado bastante atraente”, assinala o executivo do Sindicom.

Para ele, a tendência é que em 2013 o crescimento do mercado de Food Service se fortaleça nesse canal. As empresas que atuam no setor já estão se mexendo.

O Plano de Negócios e Gestão (PNG) 2013-2017 da Petrobras Distribuidora reservou investimentos de R$ 1,02 bilhão para o segmento, que é chamado de automotivo/revenda. Em paralelo à ampliação da rede de postos (hoje são cerca de 7.500 unidades espalhadas pelo país), o foco é o fortalecimento dos serviços de conveniência da bandeira BR Mania, que ampliam a rentabilidade do negócio entre 10% e 20%.

A BR fechou 2012 com 765 lojas BR Mania. Até 2017, serão mais 550. As lojas também vão investir mais no segmento de alimentação fora do lar, ampliando a venda de produtos de marca própria (140 itens), incluindo as bandeiras BR Mania Padaria e BR Mania Café.

Já a rede am/pm, conveniência dos postos Ipiranga, encerrou 2012 com mais de 1.370 lojas e tem planos de crescimento em todo o país, e planos de expansão dos produtos da marca própria que, hoje, conta com mais de 110 itens.

Além disso, a Ipiranga pretende ampliar o número de lojas com padarias am/pm. Nos últimos cinco anos, a rede vem crescendo 22% ao ano. O faturamento por meio de seus franqueados foi de R$ 1 bilhão no ano passado.

(Por Brasil Econômico) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo