A disparada da inflação dos alimentos, que afeta principalmente as famílias de menor renda – consideradas o pilar do crescimento do consumo nos últimos tempos – começa a prejudicar as vendas no varejo.

Dados da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) mostram que o faturamento real do setor em 12 meses até fevereiro deste ano acumula queda de 4%. Até dezembro do ano passado, o quadro era positivo e as vendas reais do setor encerraram 2012 com alta real de 5,3% em 12 meses.

Para este ano, Nilson Teixeira, economista-chefe do banco Credit Suisse, projeta três cenários para o desempenho das vendas do varejo. O traço comum entre os cenários é a redução do ritmo de crescimento de vendas na comparação com 2012.

Se a inflação anual ficar em 5,6% – cenário mais provável, segundo o economista –, as vendas reais do varejo crescerão 7%. Se a inflação desgarrar e fechar o ano em 6,5%, o varejo terá expansão de 6,5%. No caso de a inflação ficar no centro da meta de 4,5%, a hipótese mais remota, o varejo crescerá 7,5%.

“Crescimento real de 7% nas vendas ainda é um ritmo muito expressivo”, pondera Teixeira. Mas ele enfatiza que o aumento recente da inflação ao consumidor, muito associado à expressiva alta de preços dos alimentos, “eleva o risco de uma desaceleração das vendas no contexto do ritmo menor do aumento do salário mínimo em 2013 ante 2012”.

De acordo com Teixeira, quanto maior a inflação dos alimentos, pior o consumo das famílias de menor renda porque sobra menos dinheiro no bolso para compra de outros itens.

(Por Supermercado Moderno) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo