>Confira o que ocorre nos processos de gestão quando duas grandes empresas se unem e quais as tendências do comércio varejista Uma das fusões mais esperadas do ano no varejo nacional foi anunciada no início de julho. Casas Bahia e o Grupo Pão de Açúcar serão parceiros e pretendem investir pesado no e-commerce. As negociações tiveram início em dezembro passado e se arrastaram por mais de seis meses.

De acordo com os termos divulgados em 2 de julho, as operações da Casas Bahia serão integradas à Globex (Ponto Frio) – adquirida pelo Pão de Açúcar em junho de 2009 – e às lojas Extra-Eletro do conglomerado do empresário Abílio Diniz, formando a Nova Casas Bahia, que concentrará as operações de bens duráveis. Após a conclusão da transação, a família Klein deterá 47% do capital da Globex, enquanto o Grupo Pão de Açúcar ficará com pelo menos 52% das ações.

A notícia mexe com todo o mercado varejista, já que somando supermercados e hipermercados do Pão de Açúcar, o grupo varejista incluindo Casas Bahia terá mais de 1.500 lojas em todo o Brasil, com vendas superiores ao faturamento combinado dos dois rivais mais próximos, Carrefour e Walmart, de acordo com informações da agência de notícias Reuters.

O Brasil passa por uma fase de grandes fusões, compras e parcerias. Só nos últimos anos pode-se citar a Brahma e Antártica na criação da AmBev, o Itaú e o Unibanco e a Sadia com a Perdigão. Todas essas movimentações geram grandes mudanças para as empresas e, principalmente, para quem trabalha nelas. A capacidade e sensibilidade dos gestores para levarem os processos de união de maneira mais tranquila é o tema sobre o qual o professor Ricardo Pastore, coordenador do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) fala ao Portal HSM.

Portal HSM: O Brasil vive uma fase de fusões e parcerias entre grandes empresas, como a do Itaú e do Unibanco, e as que ainda estão em processo, da Sadia/Perdigão e das Casas Bahia e Pão de Açúcar. Quando isso ocorre, como deve ser o processo de integração das culturas organizacionais?
Ricardo Pastore: É necessário que se faça uma avaliação dos pontos fortes de cada cultura e sua aderência aos objetivos da nova empresa para então decidir a respeito. As pessoas devem participar desse processo, pois serão decisivas no sucesso ou não da fusão. Normalmente as pessoas sentem medo das mudanças e travam o processo. Por outro lado, a empresa ao impor as mudanças, pode experimentar um revés.

Portal HSM: É mais comum que prevaleça uma das culturas ou que haja uma terceira cultura criada a partir das duas originais?
Ricardo Pastore: Depende da força da cultura existente em cada uma das empresas fundidas. Há casos em que a empresa menor contribuiu mais com a nova cultura que a compradora.

Portal HSM: Certamente há um lado que “sofre” mais com uma fusão, pela mudança em seus valores e cultura. Como os gestores devem comandar a fusão para que ela seja o menos traumática possível para este lado?
Ricardo Pastore: O gestor inteligente envolve e motiva o time que deseja permanecer na empresa. Ele tem que deixar claro que não haverá dias calmos, ao contrário, e quem ficar deve estar disposto a passar por atribulações. Os que não estiverem dispostos devem aproveitar o momento e sair da empresa deixando o lugar para os que vão realmente enfrentar a mudança.

Portal HSM: É possível citarmos erros e acertos frequentes nessas situações e que podem ser evitados? Ou mesmo tentativas que não deram certo e por quê?
Ricardo Pastore: O erro mais comum é centrado no público interno que, se não estiver ao lado da empresa no momento da transição, vai fazer oposição e dificultar a integração das empresas.

Portal HSM: Falando um pouco das estratégias do mercado varejista, o foco principal tem sido o e-commerce. Podemos comentar um pouco sobre como deve ser a estratégia da nova parceria entre o Pão de Açúcar e a Casas Bahia e também dos concorrentes frente a um novo player com essa potência e força no país?
Ricardo Pastore: As operações de e-commerce estão muito parecidas. Seria interessante o desenvolvimento de diferenciais. Só produto e preço não agregam valor para o consumidor que necessita de conveniência. Este é o perfil de quem compra pela internet.

HSM Online
14/07/2010