A Wal-Mart Stores Inc. está alertando aos fornecedores que está adotando uma “política de tolerância zero” para violações de seus padrões globais para as empresas que contrata em todo o mundo, e informou que planeja cortar imediatamente os laços com qualquer fornecedor que fizer a subcontratação de fábricas sem o conhecimento da varejista.
As mudanças, que começam a ter efeito em 1º de março, ocorrem depois que roupas destinadas à Wal-Mart foram encontradas numa fábrica de Bangladesh em que um incêndio matou 112 pessoas em novembro. A empresa informou que essa fábrica já não deveria estar produzindo suas roupas.
As novas políticas mais rígidas substituem uma abordagem de fiscalização de fornecedores que a Wal-Mart, empresa que tem sede em Bentonville, no Estado americano do Arkansas, antes chamava de “três golpes”, que dava às empresas que terceirizavam sua produção três chances de resolver os problemas detectados antes de encerrar o contrato.
A varejista começou a informar os fornecedores sobre as mudanças na segunda-feira com uma carta de dez páginas.
“Obviamente, a nossa política de três chances não estava funcionando tão bem quanto poderia”, disse Rajan Kamalanathan, diretor de terceirização étnica da Wal-Mart, em entrevista ao The Wall Street Journal. “Nossa mensagem de tolerância zero tem a meta de chamar a atenção das pessoas.”
A Wal-Mart também começará a publicar em seu site corporativo ainda este ano os nomes de fábricas que não estão autorizadas a fazer negócios com seus fornecedores, “para exigir mais responsabilidade e transparência. Dessa forma, não há como um fornecedor dizer, ‘Ah, a gente não sabia'”, disse Kamalanathan.
Além disso, a Wal-Mart exigirá que as fábricas passem por auditorias para que sejam aprovadas antes que fornecedores tenham autorização de fazer negócios com elas. A empresa também informou que vai exigir medidas adicionais de segurança para fábricas em Bangladesh, incluindo revisões obrigatórias de segurança da parte elétrica e infraestrutura.
Sindicalistas e ativistas desconfiam da eficácia das novas políticas da Wal-Mart, chamando-as de passos modestos que não atacam problemas vitais, como os montantes que a Wal-Mart paga a muitos de seus fornecedores que, segundo os críticos, são insuficientes para cobrir salários adequados e condições de trabalho seguras nas fábricas.
Eles consideram os novos requisitos de segurança contra incêndios em fábricas de Bangladesh ineficientes e dizem que a Wal-Mart precisa revelar os nomes de todas as fábricas que seus fornecedores usam, para que elas possam ser monitoradas de forma independente.
“As fábricas da Wal-Mart são perigosas porque [a empresa] não paga preços adequados para os fornecedores e porque não há transparência em seus programas de monitoramento”, disse Scott Nova, diretor-executivo da Worker Rights Consortium, uma entidade sem fins lucrativos de defesa dos direitos do trabalhador. “Não há nada aqui que mude isso.”
O incêndio em Bangladesh, que ocorreu em uma fábrica que produzia bens para varejistas ocidentais, incluindo a Wal-Mart e a Sears Holdings Corp., voltou o foco da atenção mundial para o que os críticos categorizam como condições de trabalho precárias e inseguras em mercados emergentes. O problema tem sido particularmente grave em Bangladesh, onde uma série de incêndios devastou a indústria manufatureira ao longo dos últimos anos.
A Wal-Mart, dona da marca Faded Glory, cujas peças foram encontradas carbonizadas entre os restos do edifício incendiado, informou que seus fornecedores não estavam autorizados a usar a fábrica, operada pela Tazreen Fashions Ltd., e alega que desconhecia o fato de que suas roupas estavam sendo feitas lá.
Desde então, a Wal-Mart encerrou a sua relação comercial com dois de seus fornecedores que haviam subcontratado os serviços da fábrica.
A varejista não quis fornecer os nomes desses fornecedores.
Ainda assim, a Wal-Mart afirmou que o incêndio trouxe à tona deficiências de segurança em sua cadeia de suprimentos, as quais ela planeja resolver através de normas mais rigorosas. Fornecedores da Wal-Mart vão se reunir na sede da empresa amanhã para uma reunião sobre as mudanças nas regras de segurança.
A Wal-Mart informou que vai continuar a reforçar seu programa de monitoramento, mas que os fornecedores, governos locais e outros participantes do mercado também devem desempenhar um papel na melhoria das condições de segurança.
Para ajudar a financiar os custos das melhorias de segurança nas fábricas, a Wal-Mart anunciou que está estudando criar um fundo ou uma linha de crédito rotativo que os fornecedores poderão usar para fazer reformas.
(Por The Wall Street Journal) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo