>A rede Magazine Luiza deve reagir às últimas fusões ocorridas no seu segmento: segundo fontes de mercado, procura um parceiro, como, por exemplo, a centenária Pernambucanas, ou até mesmo a Lojas Colombo. As empresas negam, mas tudo indica que a disputa no varejo de eletroeletrônicos será ainda mais acirrada com a nova onda de fusões que se desenha no mercado.
Enquanto a rede da empresária Luiza Trajano estaria à procura de viabilizar o negócio, o concorrente Ricardo Eletro deu a cartada mais rápida e fechou parceria com a baiana Insinuante. A fusão criou a Máquina de Vendas, rede que nasce com 528 lojas e faturamento estimado em R$ 5 bilhões este ano. Na dança das cadeiras, a rede fica com o segundo lugar entre as líderes do segmento, pois passou, ao menos temporariamente, o Magazine Luiza, com 456 unidades e faturamento de cerca de R$ 3,8 bilhões.

De acordo com o presidente da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, um dos focos da nova empresa é chegar ao mercado paulista, sem descartar nova associação, até mesmo com a rede de Luiza Trajano. “Queremos entrar em São Paulo no próximo ano, e para isso teremos algumas estratégias”, afirmou o empresário. “Temos planos de crescer seja com quem for, seja com o Magazine ou outra empresa que queira juntar-se a nós”, reforçou ele. (…)

Opções

Para o Professor Ricardo Pastore, coordenador do Núcleo de Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o Magazine Luiza é mesmo a rede que está em uma posição mais “incômoda” e precisa buscar uma alternativa mais rápida e inteligente: “Tanto o Magazine quanto Insinuante, Ricardo Eletro e Casas Bahia usam a mesma estratégia de comunicação, o mesmo apelo de preço e tem o mesmo público-alvo; o varejo brasileiro precisa investir mais em conhecimento, e, quem sabe, buscar um novo modelo de negócio”, diz.

Além de buscar modelos, uma opção seria mesmo buscar parcerias com outras empresas ou diversificar, com vistas a atingir um público diferente, como fez, por exemplo, a gaúcha Lojas Colombo, considerada a quarta maior, para entrar na capital paulista, onde abre apenas lojas premium para o público das classes A e B.

Marcelo Cherto, presidente da consultoria GrowBiz, afirma que as classes que mais crescem são mesmo a C e a D, e que as redes devem continuar a apostar neste público. Para ele, ainda há redes locais -como Lojas Colombo e Salfer, que atuam principalmente no sul do País, e Lojas Maia e Yamada, no norte e nordeste- que poderiam ser compradas, assim como a própria Pernambucanas. Uma terceira opção, enquanto isso, é uma parceria com um investidor estrangeiro. “Há gente de fora olhando as redes brasileiras. As vendas do varejo dos Estados Unidos caíram 6,6%, queda brutal, enquanto no Brasil cresceram 5,9% -só em São Paulo, 7%, por exemplo”, destaca. Para ambos, a fusão foi uma forma de Ricardo Eletro e Insinuante defenderem as regiões em que operam e que começavam a ser mais invadidas pelos concorrentes.

Capilaridade

A Máquina de Vendas anunciou para os próximos quatro anos meta de dobrar a participação de mercado e chegar a mil lojas, ao fazer frente ao Pão de Açúcar. A rede estima que seu faturamento ultrapasse os R$ 10 bilhões por ano. A rede ganhará capilaridade, com lojas em mais de 200 cidades e 16 estados. De acordo com Nunes, o controle acionário da empresa será de 50% para Ricardo e Rodrigo Nunes, donos da Ricardo Eletro, e 50% para Luiz Carlos Batista, da Insinuante.

Fonte: DCI – 30/03/2010