Grandes players do setor supermercadista estão a todo vapor com os preparativos para atender a demanda do final do ano, principalmente por acreditar que este será o Natal da classe C, com mais gastos com alimentos e bebidas. Para isso, garantiram a antecipação de seus estoques repletos e, tudo indica, ansiosos para que as vendas de Natal e a festa de ano novo cresçam na casa dos dois dígitos este ano.

A expectativa sobre as vendas do período é tamanha que, na principal rede varejista brasileira, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), a comercialização de um dos artigos mais importantes e representativos da data – o panetone – começou esta semana.

Segundo Maximiliano Bortolacci, gerente-comercial do Grupo, essa antecipação -ter os produtos nas gôndolas quatro meses antes da data sazonal- deveu-se ao planejamento das famílias, em especial das de classe C, que, com maior poder aquisitivo têm se planejado melhor para que as festas de final de ano sejam fartas. “O aumento do consumo do brasileiro, em especial da classe C, também vem impulsionando a venda de itens como o panetone, especialmente os de sabores mais diferenciados”, disse.

A consequência desse impulso maior para compras por parte do consumidor é a perspectiva da rede de ver as vendas desse item específico crescerem 10% em relação às do ano passado, além de estoque reforçado nas bandeiras Extra e Pão de Açúcar com produtos a partir de R$ 9,99 – preço mais em conta ao cliente devido à menor proximidade da data.

A importância do produto é tamanha que empresas fornecedoras de panetones investiram mais este ano para suprir a demanda. Um dos casos de investimento agressivo para esta data temática é o da empresa sulista Siena Alimentos. Segundo executivos da companhia, a ideia foi mesmo ampliar os produtos e serviços de olho no aumento da demanda prevista para este final de ano. Para atingir a meta de crescimento estimada em 40% no final de 2012, só na comercialização de panetones para as redes supermercadistas a empresa investiu R$ 2,5 milhões -no lançamento de produtos, na compra de maquinário, como fornos- para conseguir colocar no mercado brasileiro 7,5 milhões de unidades.

A empresa, além de vender as marcas de produtos Roma e Festtone, fabrica também outros itens de marca própria para 30 empresas. Entre seus clientes estão redes supermercadistas e atacadistas com atuação estimada em praticamente todo o Brasil.

Produtos importados, mais característicos na bandeira Pão de Açúcar, também já estão prontos para a venda e dentro dos centros de distribuição da varejista. Segundo a empresa, por questões de logística -para atender todos os seus pontos de vendas em nível nacional- e claro, da taxa cambial mais elevada nos últimos meses, os executivos fizeram com que a rede, líder no segmento, adiantasse a importação de diversos itens em cerca de um ano.

Logo, desde o ano passado a rede previa, e confirma, o que seria interessante: ter estoque para as gôndolas deste Natal, sem precisar ter de correr para evitar a perigosa ruptura – falta de produtos – em suas prateleiras.

A premissa é diferente quando se trata de produtos como carnes e aves congeladas. Os itens são produtos típicos das comemorações de final de ano, uma vez que são produtos perecíveis e, segundo a rede, serão encomendados a partir do próximo mês, em outubro, para que não haja perda do prazo de validade e para que cheguem frescos ao consumidor.

Concorrentes

A rede supermercadista Sonda também já está com boa parte dos estoques abastecidos para atender aos anseios dos consumidores neste final de ano. Conforme a equipe do departamento de compras da rede – que controla as suas 24 lojas -, foi colocado à venda no dia 16 deste mês o primeiro lote de panetones das marcas mais conhecidas do consumidor, entre as quais se arrolam Visconti e Bauducco, entre outras.

Produtos congelados -como tênder, chester, peru- já foram negociados com os fornecedores e têm previsão de disponibilidade ao cliente na segunda quinzena do mês de outubro. Bebidas tradicionais da época, como os vinhos e as champanhes, também chegam no mesmo período nas lojas Sonda.

Questionada sobre os importados, a resposta da equipe de compras foi que esse processo (de importação) ainda está em fase de negociação e que um dado mais preciso sobre quais produtos estarão disponíveis e quantidade dos mesmos, só se poderá calcular no próximo mês.

Alta dos preços

As commodities de soja e milho, prejudicadas por fatores climáticos, farão com que os preços das aves – produto de maior procura durante o Natal -, cheguem mais caras ao consumidor, em relação aos vistos no anterior. É o que estima Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). “O consumidor sentirá os preços mais elevados este ano”, disse ele, no evento do setor realizado esta semana, em Atibaia (SP).

Para o especialista no setor supermercadista, por conta dessa questão do agronegócio, as negociações têm sido mais complicadas com os fornecedores. “Não foi fácil negociar preço este ano.” Outro dado interessante é sobre as questões dos importados nos supermercados. Honda explicou ao DCI, na 46ª Convenção Abras, o motivo pelo qual o câmbio no patamar de R$ 2 faz com que a situação desses itens, oriundos de outros países, seja confortável para as empresas no Brasil. “A dinâmica comercial desses produtos é diferente, demanda mais tempo do que a dos de produção nacional”, disse, e completou: “Já temos uma grande quantidade de azeites e vinhos importados e esta tendência deve continuar”, ressaltou ele.

Questionado sobre a demanda maior do que a capacidade de produção da indústria, Honda ressaltou que a questão da exportação da produção de aves e suínos ao Japão pode vir até a influenciar, a longo prazo, mas reafirmou que este ano os estoques estão garantidos. “Não haverá falta de produtos nas gôndolas.”

(Por DCI) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo