Após três meses estudando a fundo a operação da Leader, o BTG decidiu exercer a opção de comprar mais 30% da varejista fluminense de moda e utilidades para o lar, apurou o Valor. Com isso, o banco passou a deter 70% do capital da companhia, assumindo o seu controle. No total, a aquisição movimentou R$ 1,16 bilhão.

Em 29 de maio, último dia antes da entrada em vigor da lei que criou o “Supercade” (e determinou que as fusões e aquisições sejam submetidas à aprovação prévia do Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o banco anunciou a compra de 40% da Leader, por R$ 665,2 milhões. Na ocasião, o BTG informou que teria um prazo de até 90 dias (contando a partir de 20 de junho) para decidir pela compra de uma participação extra de 20% a 30% na companhia.

A escolha de adquirir a fatia máxima prevista ocorreu após a finalização das diligências na Leader. Somente nos últimos três meses o BTG coletou mais informações sobre a migração da empresa para os sistemas de gestão da SAP e passou a conhecer melhor sua cadeia de fornecedores, por exemplo. Procurados, o banco e a Leader não se pronunciaram sobre o negócio.

A opção foi exercida oficialmente na segunda-feira. O valor pago pelos 30% adicionais, informa uma fonte, ficou em torno de R$ 499 milhões. Em termos proporcionais, equivale ao que foi pago pelos 40% iniciais. Todo o montante desta segunda operação foi para o bolso dos acionistas fundadores da varejista, a família Gouvêa.

Com foco nas classes C e D, a Leader foi avaliada em R$ 1,65 bilhão pelo BTG. Trata-se de quase duas vezes e meia o valor ofertado pela Renner (R$ 670 milhões) pela totalidade do mesmo ativo em 2008. Na época, o negócio não andou devido ao agravamento da crise financeira mundial.

De lá pra cá, a Leader saiu de um Ebitda (resultado antes de juros, impostos, amortização e depreciação) negativo para um Ebitda de R$ 111,3 milhões em 2011, em alta de 94,3% em relação a um ano antes. A receita líquida, na mesma comparação, subiu mais de 24%, para R$ 957,6 milhões. O lucro líquido alcançou R$ 47,4 milhões, 156% acima do apurado em 2010.

Agora minoritários, os Gouvêa permanecem no comando executivo da Leader, embora algumas alterações pontuais na diretoria estejam sendo avaliadas, informa a fonte. Hoje, o presidente da rede é Robson Gouvêa.

Apenas R$ 107 milhões do total envolvido na compra da Leader serão destinados ao caixa da empresa. A capitalização servirá para acelerar os planos de expansão da varejista, que tem 19 lojas em construção para inaugurar este ano, e outras 65 unidades (eram 39 em 2008) já em funcionamento nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia.

A associação com o BTG também abre possibilidades para o crescimento da varejista via aquisições.

(Por Valor Econômico) valor, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo