Ao visualizarem um cenário nebuloso para a indústria têxtil no Brasil, os irmãos Ahmad e Mohamad Yassin resolveram investir também no varejo. A dupla criou a Vest Casa, uma rede de lojas com itens de cama, mesa, banho e decoração. Com a estratégia, eles conseguem agregar valor aos produtos produzidos na fábrica e atingem o consumidor final. A meta, agora, é encerrar o ano com 120 lojas e atingir 400 unidades em 2015, todas com foco nas classes C e D.

“Nossa família está na indústria têxtil há 50 anos. Percebíamos as dificuldades do setor trabalhando com margens apertadas. A Vest Casa foi a salvação para a nossa indústria”, afirma Ahmad Yassin, diretor comercial da rede.

A decisão de partir para o varejo teve como ponto principal a crise financeira de 2008. No período de um ano, foram testadas 10 lojas próprias para definição do modelo ideal. A partir daí, o caminho das franquias foi escolhido para uma expansão rápida e organizada. Atualmente, a rede tem 86 lojas espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília. Em 2013, a ideia é expandir para todo o Brasil.

O preço é um dos principais atrativos da marca. A eliminação de intermediários entre indústria e consumidor, aliado a uma linha de produção mais eficiente, fez a empresa ganhar competitividade no mercado. “Antes produzíamos o que as empresas encomendavam. Hoje, a Vest Casa tem acesso a informação da ponta, não depende mais das empresas”, conta Yassin.

O projeto de expansão inclui o conceito de loja de vizinhança para instalação em bairros, principalmente em áreas com pequenos comércios instalados, como padarias e açougues. “As mulheres, donas de casa, são as nossas principais clientes. A ideia é facilitar o acesso a esse tipo de produto”, pontua Yassin.

O investimento para abrir uma franquia da Vest Casa gira em torno de R$ 150 mil, incluindo custos para instalação, taxa de franquia e estoque inicial. O faturamento médio mensal de cada unidade é de R$ 70 mil, com lucro líquido entre R$ 10 mil e R$ 12 mil.

A rede busca franqueados dispostos a trabalhar no dia a dia da operação. “As classes C e D estão em grande ascensão no País, com grande poder de consumo. Além de preço e qualidade, o cliente quer ser bem atendido”, afirma Yassin. Em média, a rede atende 150 mil clientes por mês.

Investimento. Em busca de uma opção para investir, a administradora de empresas Ida Miranda, de 42 anos, comprou uma das primeiras franquias da rede em 2009, na Vila Maria. Um ano depois, abriu mais uma unidade no bairro Itaberaba e mais recentemente, em junho, se instalou no Jardim Japão.

“Os carros-chefe da loja são os itens mais populares. Eles atraem o cliente para dentro da loja para conhecer os outros produtos vendidos”, relata Ida. O faturamento médio das três lojas pode chegar até a R$ 120 mil. Em dezembro, as vendas disparam e chegam a valer pelos três meses seguintes, de menor movimento. O Dia das Mães também é outra data de destaque. “O faturamento chega a dobrar”, diz Ida.

Na avaliação do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana, investir em produtos e serviços para as classes C e D é uma estratégia interessante. “Ambas as classes estão em ascensão, não só pelo poder de compra, mas também pelo aumento do crédito”, diz o professor. Diante desse cenário, é preciso ter cuidado com as formas de pagamento oferecidas e com o controle de escala, para vender produtos com preços atrativos.

(Por Estadão.com.br) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo