Barbearia, bar e ringue de lutas. Serviços até há pouco inusitados para uma loja de roupa masculina agora começam a chamar a atenção do paulistano. O comércio de moda de luxo aposta em novas ferramentas para mudar a forma com que os homens se relacionam com o universo das compras.

Na semana passada, o cantor de música sertaneja Roberto Maia, de 27 anos, entrou na Noir, marca masculina do grupo Le Lis, para fazer compras e aproveitou para cortar o cabelo.

É que na loja dos Jardins, na zona sul, foi inaugurada uma barbearia no mês passado. Retrô, é comandada pelo cabeleireiro Marcos Proença. “Achei ótimo, porque só faço compras quando tenho algum compromisso especial”, disse Maia. “Então, aproveitei, cortei o cabelo, fiz a barba e saí pronto para a balada.”

O corte sai por a partir de R$ 170 e a barba, por R$ 50.

Pesquisas. Ao contrário da mulher, o homem não gosta de perder tempo dentro de uma loja. “Há pesquisas que apontam que, em média, ele fica cerca de 15 minutos fazendo compras em um estabelecimento. Já ela, mais do que o dobro desse tempo”, diz Camila Toledo, diretora do Stylesight, um portal internacional de tendências. “O mercado começa a se adaptar a esse homem prático e sem paciência para o consumo, mas muito vaidoso.”

Bar. A Reserva, marca fashion carioca, nasceu com o objetivo de ser mais do que uma loja de grife. “Queria um espaço que fosse a réplica de uma casa jovem”, conta Rony Meisle, um dos sócios da grife.

Além da decoração descontraída, ele montou, entre muitas araras de roupas, um bar de cervejas na unidade dos Jardins – a marca tem 26 lojas espalhadas pelo Brasil.

“O cliente não paga pela bebida, é uma cortesia. E ele pode vir aqui beber e bater um papo sem necessariamente comprar”, explica Rony.

Até o início do ano que vem, no terceiro andar da loja, Rony vai levantar um espaço cultural, para shows e exposições gratuitos – fórmula já testada no Rio, com sucesso. E não para por aí. “Já fazemos promoções que valem de pizzas a noitada em motel”, completa Rony.

A Reserva virou uma espécie de clube do bolinha. “É muito bom entrar em uma loja com cara de homem”, diz o consultor imobiliário Pedro Motta, de 38 anos. “Aqui, eu tomo cerveja e não prosecco. E o clima é bem mais descontraído.”

Muay thai. Outro espaço que surpreende é a loja-conceito da Pretorian, braço de moda da marca de acessórios esportivos, aberta há 1 ano também nos Jardins. As roupas são apresentadas em meio a Harley-Davidsons customizadas, livros e acessórios de marcas exclusivas.

E, no andar de cima, há um ringue e um octógono para uso dos clientes. Para isso, é necessário contratar o personal Ery Silva, campeão de muay thai.

Com uma moda mais autoral, o fashionista Mario Queiroz oferece um serviço como o de personal stylist. “O homem quer ter a garantia de que a roupa tem a ver com o seu estilo”, diz. “Também tem dúvidas quanto a combinação das peças.” A assessoria de estilo é feita pessoalmente por Queiroz. Ele não cobra a mais por isso, mas é preciso agendar.

Já na Babel, outra loja fashion nos Jardins, de Samuel Duek, os clientes podem fazer gravata sob medida. “Oferecer coisas diferentes é uma forma de fidelizar o cliente”, diz Duek.

(Por O Estado de São Paulo) varejo, núcleo de estudos do varejo, núcleo de estudos e negócios do varejo